sábado, 3 de maio de 2014

Rui Falcão: “Lula terá o cargo que quiser na coordenação da campanha da reeleição de Dilma”

Segundo o presidente nacional do PT, a partir do próximo dia 9, quando retornar da África, Lula vai fazer campanha por Dilma como “prioridade nº 1”




SÃO PAULO. O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse neste sábado, ao final do 14º Encontro Nacional da legenda, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá o cargo que quiser na coordenação da campanha da reeleição da presidente Dilma Rousseff, mas fez questão de frisar que isso não significa uma forma de impedir que ele alimente o "volta Lula" dentro do partido. Para ele, esse assunto está encerrado no partido e a candidatura de Dima "é irreversível". — Lula é o grande comandante do partido e da campanha da reeleição. A sua importância transcende uma posição formal. Não acredito que ele vá ficar no dia a dia da campanha de Dilma, mas ele mesmo já disse que a presidente não vai a Estados em que houver mais de um palanque da base aliada, enquanto que ele pode ir aos lugares aos quais for necessária sua presença. Lula vai dar o tom da orientação da campanha — disse Falcão, adiantando que o ex-presidente passará a ter a reeleição de Dilma como "prioridade número um" tão logo volte da viagem à África que vai desta segunda-feira até o próximo dia 9. Falcão explicou que o encontro nacional do partido serviu para deixar claro que Dilma é a candidata do partido à reeleição. — Os diretórios estaduais do partido já estão trabalhando na campanha de Dilma nos Estados. Tinha gente no partido falando em volta Lula, mas com o anúncio de ontem (anteontem) não faz mais sentido esse tipo de especulação — garantiu Rui Falcão. Para ele, a avaliação feita pela direção do partido sobre o encontro nacional é "positiva", pois aconteceu um dia depois de Dilma ter feito o pronunciamento na TV garantindo a política de valorização do salário mínimo, a correção da tabela do Imposto de Renda e o reajuste do Bolsa Família. — Dilma mostrou na TV como será a campanha: o PT vai melhorar a vida da classe média e acabar com a pobreza. Acho até que ela usa pouco o rádio e televisão e isso não tem nada de eleitoreiro. Ele acha que o debate político só favorece a candidatura de Dilma. — Tem candidato da oposição dizendo que vai trazer a inflação para 3% para o centro da meta, mas não diz que se isso acontecer vamos ter um aumento no desemprego de 5% para 8 ou 9%, um brutal aumento do desemprego — disse o dirigente petista. Rui Falcão também fez questão de desfazer um mal entendido que a imprensa noticiou sobre a data da convenção do partido que vai indicar Dilma como a candidata oficial da legenda. — Nunca existiu nenhuma divergência dentro do partido. Essa história de que marcamos a convenção para o dia 30 e Dilma queria no dia 10 não procede. Na verdade, marcamos para o dia 21, mas como nesse dia teremos jogo da seleção brasileira de futebol, achamos melhor marcar para o dia 20, sem divergência alguma com Dilma - garantiu. Depois de negar que o partido pense em substituir o candidato a governador de São Paulo, Alexandre Padilha por causa do seu envolvimento na "Operação Lava-Jato", Falcão disse o ex-ministros já explicou "com firmeza" a todas as acusações. O presidente do partido explicou ainda que as ausências do Pros e do PR no ato de abertura oficial do encontro do PT na noite de sexta-feira, com as presenças de Dilma e Lula, não significa que esses partidos estarão de fora do arco de alianças com o PT para a sucessão presidencial. Apesar de alguns integrantes do partido terem chegado a dizer que preferiam Lula no lugar de Dilma, o PT conta com o PR na reeleição de Dilma, segundo garantiu Falcão. Teses No último dia de debates, já um pouco esvaziado, sem a presença de lideranças nacionais de maior expressão, metade dos 800 delegados do 14º Encontro Nacional do PT aprovaram ontem o texto de "tática eleitoral e política de alianças", escrito pelo presidente nacional, Rui Falcão. Poucas alterações no texto original foram feitas e o destaque do documentou foi mostrar que a população deseja mudanças e que, por essa razão, um dos destaques do documento é que o objetivo eleitoral do PT será ganhar as eleições em 2014 com a reeleição de Dilma, para garantir "a continuidade com mudanças ou mudanças com continuidade", segundo refrão que consta em vários parágrafos do documento composto por 15 itens. "A continuidade - e, sobretudo, o avanço - do nosso projeto está vinculada à nossa capacidade de fortalecer um bloco de esquerda e progressista, amparado nos movimentos sociais, na intelectualidade e em todos os setores comprometidos com o processo de transformações econômicas, políticas, sociais e culturais implementadas pelos governos Lula e Dilma. Dependerá, também, da capacidade de agregar forças políticas de centro e uma ampla frente de partidos que apoiam ou venham a apoiar o governo da presidente Dilma". O documento faz críticas indiretas aos pré-candidatos do PSDB, Aécio Neves, e do PSB, Eduardo Campos. "A disputa eleitoral vem sendo marcada, e tenderá a se agravar, por um pesado ataque ao nosso projeto por parte dos conservadores, de setores da elite e da mídia monopolizada, que funciona como verdadeiro partido de oposição. Nossos adversários representam um projeto oposto ao nosso, muito embora um deles se esforce em transmutar-se em uma suposta terceira via. Guardadas diferenças secundárias e temporais, arregimentam os interesses privatistas, ideológicos, neo-passadistas ou neovelhistas daqueles que pretendem impor um caminho diverso daquele implementado pelos nossos dois governos". A "tática" petista pede ainda a realização de um plebiscito para convocar uma Constituinte Exclusiva para aprovar a reforma política proposta pela presidente Dilma ao Congresso e encampada pelo PT e movimentos sociais e faz uma advertência final. "Os setores conservadores e o conjunto da classe dominante encara o PT como um pesadelo, porque está destruindo o sonho acalentado por eles durante séculos: o sonho de uma democracia sem povo". Foi aprovado também o texto sobre as "diretrizes para o programa de governo", elaborado pelo assessor especial do governo Dilma, Marco Aurélio Garcia, mas as emendas que alteram o documento inicial. Integrantes das várias correntes do PT fizeram inúmeros adendos aos 98 itens do texto guia e pela complexidade das propostas sobre plano de governo decidiu-se no encontro que as emendas serão analisadas por um grupo de trabalho que vai examinar uma a uma e encaminhar um texto final para ser votado pelo Diretório Nacional. Depois disso, é que as propostas serão encaminhadas à coordenação da campanha de Dilma à reeleição. Uma coisa é certa. O PT vai propor que no segundo mandado de Dilma o crescimento da economia seja maior do que o atual, com o aumento da produtividade. O documento diz ainda que a sociedade quer mudanças, mas é o PT que tem condições de implementá-las. "O PIB cresceu 4,4 vezes em 11 anos. No mesmo período, o comércio exterior quadruplicou. A inflação caiu de 12,5 no período FH para 5,9%, mantendo-se durante os governo Lula e Dilma sempre dentro da meta. A dívida líquida caiu de 60,4% do PIB para confortáveis 33,8%. A dívida bruta sofreu igualmente redução. Por essas e outra razões, o país está entre os três maiores recipientes de investimento estrangeiro no mundo". O texto econômico critica ainda os adversários que falam em privatizações. "Seus ataques à Petrobras e Eletrobrás evidenciam uma nostálgica fidelidade às políticas privatistas que aplicaram no passado". 
FONTE: O GLOBO

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