Obama e o chefe do Estado-Maior Conjunto, Martin Dempsey. / AP
A declaração oficial do assassinato do jornalista James Foley como um "ataque terrorista" contra os Estados Unidos abriu as portas para uma ação militar mais ampla contra o grupo extremista sunita Estado Islâmico (EI), que poderia ir além dos atuais ataques aéreos no Iraque para alcançar também a Síria. A decisão ainda não foi tomada pelo Governo de Barack Obama, mas a mídia norte-americana assegura que é uma das opções consideradas, e incluiria, segundo o The Washington Post, pedir autorização ao Congresso para o "uso de força ilimitada" contra o EI.
Seria, segundo o jornal, o mesmo beneplácito legislativo que o republicano George W. Bush recebeu em 2001 para atuar contra a Al Qaeda e, um ano depois, contra Saddam Hussein no Iraque. Ou seja, a origem das guerras que Obama tratou de encerrar e que seguem resistindo.
A retórica oficial foi subindo de tom nos dias que se seguiram à morte de Foley e enquanto permanece pendente a ameaça de morte a outro jornalista sequestrado, Steven Sotloff, se Obama não parar com os ataques aéreos contra as posições jihadistas no Iraque. O próprio Obama declarou que o EI era um "câncer" que precisa ser "removido" antes que se estenda pela região.
A dúvida é até onde os Estados Unidos podem ou devem ir para conseguir essa dita "remoção", tendo em vista a reticência de Obama, e de um país cansado de anos de guerras no Iraque e no Afeganistão, a voltar a encarar outro conflito sem uma saída clara. A chave agora é saber se o presidente está disposto a envolver-se militarmente na Síria, algo que tem tratado de evitar por todos os meios até agora.
Segundo as declarações de sua equipe, parece que agora sim. O problema do EI "vai ter que ser enfrentado em ambos os lados do que neste momento é uma fronteira inexistente", disse esta semana o chefe do Estado Maior Conjunto, Martin Dempsey. Para isso, estão sendo estudadas "todas as opções", afirmou o chefe do Pentágono, Chuck Hagel.
O presidente já decidiu realizar ataques aéreos na Síria? Perguntaram na sexta-feira ao vice-conselheiro de Segurança Nacional de Obama, Ben Rhodes. O Governo "está considerando ativamente o que é necessário para lidar com a ameaça" do EI, respondeu. "E algumas fronteiras não vão nos restringir", destacou.
Grande parte da decisão dependerá do apoio que o Governo possa ter no Congresso. Por enquanto, o apoio republicano parece estar confirmado. "Temos que desenvolver uma estratégia integral —política, econômica e militar— para uma ofensiva contra o EI, tanto no Iraque como na Síria", defenderam esta semana os influentes senadores John McCain e Lindsay Graham. Realizar ataques aéreos na Síria é um "passo que deveria ser dado", afirmou neste sábado à emissora CNN o presidente do Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, o também republicano Ed Royce.
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