O candidato do PSB à presidência, Eduardo Campos, aproveitou como pôde os 15 minutos oferecidos a ele nesta terça-feira (12) pelo Jornal Nacional, telejornal da Rede Globo que costuma ter a média diária de 36 milhões de telespectadores. Bem treinado e demonstrando tranquilidade, o ex-governador de Pernambuco se esquivou sobre denúncias de nepotismo, driblou a contradição de fazer oposição à presidente Dilma Rousseff e, invocando a vice Marina Silva, teve tempo de se apresentar como oposição ao ironizar e comparar o desenvolvimento do Brasil, “equivalente à goleada da Alemanha sobre o Brasil por 7 a 1”, segundo ele.
A apresentadora Patrícia Poeta começou a entrevista perguntando a Campos se ele estava disposto a fazer cortes de gastos para aquecer a economia em seu mandato. O candidato saiu pela tangente, mas a apresentadora voltou ao tema. Ele então preferiu jogar a questão para o espectador, dizendo que a inflação estava alta e que o salario “não dá para o mês inteiro”.
À vontade, Campos disse que 2015 será um ano melhor economicamente que 2014, “o mais difícil”. “O Brasil perdeu de 7 a 1 na Copa e está perdendo fora [de campo]. É 7% de inflação e 1% de crescimento. Vamos terminar melhor do que 2014", apostou o candidato do PSB.
Em tom de “chega de jogar conversa fora”, o apresentador Willian Bonner foi incisivo ao perguntar sobre a intensa campanha que Campos teria feito em 2011 no Congresso Nacional para eleger a mãe Ana Arraes para a vaga que ela ocupa hoje no Tribunal de Contas da União (TCU), responsável por fiscalizar as contas do Governo Federal, que o candidato do PSB deseja comandar a partir do ano que vem.
Como puderam perceber os telespectadores do JN, Campos ficou visivelmente constrangido com a questão e levou alguns segundos pensando em como respondê-la. Aliás, este foi o único momento da entrevista em que ele pareceu estar desconfortável. Rapidamente recuperado, o ex-governador negou qualquer interferência e respondeu a pergunta exaltando o currículo da mãe, dizendo que ela é funcionária pública concursada e foi eleita deputada duas vezes.
“Disputou uma eleição, ganhou no voto e foi ser ministra”, argumentou Campos, se colocando na posição de mero expectador da eleição de Ana Arraes para o TCU. “Eu apenas torci para que ela ganhasse", minimizou o candidato.
Buscando reverter o constrangimento, Campos aproveitou para sugerir que o Brasil faça “um comitê de busca” para discutir as vagas vitalícias de magistrados. “O Brasil precisa fazer uma reforma para oxigenar os tribunais e que esse processo seja impessoal.”
Contradições no passado e na aliança
Campos também foi questionado a respeito da contradição que a sua aliança com Marina vive na questão ambiental. Partido do ex-governador, o PSB tem fortes laços com os ruralistas. Sua vice, no entanto, é fortemente crítica ao agronegócio, setor que Bonner apontou como responsável por sustentar a economia do Brasil nos últimos anos.
Mas Campos conseguiu se esquivar, inclusive defendendo sua candidata à vice. “Nossa bancada rachou, mas eu defendi a posição representada por Marina", argumentou Campos, falando da aprovação do Código Florestal no Congresso.
Na reta final da entrevista, os apresentadores questionaram se decisão de Campos de abandonar o governo Dilma no terceiro ano de mandato era movida apenas pela “ambição” de ser presidente. Ex-ministro da presidente e do governo anterior, do também petista Lula, Campos justificou sua saída dizendo que a fissura havia se iniciado nas eleições municipais de 2012.
O candidato aproveitou então uma nova oportunidade para se colocar em oposição também ao PSDB, de Aécio Neves. “Quantas pessoas assistindo estão decepcionadas? Eu e Marina entendemos que PT e PSDB já ficaram tempo demais e é preciso um novo caminho.”
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