O Exército nigeriano em Maiduri. / SUNDAY ALAMBA (AP)
Pelo menos 50 pessoas foram sequestradas por supostos membros da milícia radical islâmica Boko Haram na cidade de Doron Baga, nas cercanias do Lago Chade, no Estado de Borno, no norte da Nigéria. Os fatos ocorreram em 10 de agosto, quatro meses depois do sequestro de 200 garotas em uma escola de Chibok na mesma região, feudo da milícia radical e uma das mais pobres e com pior comunicação, o que dificulta a divulgação de episódios como esses, que demoram para vir à público.
O ataque teria ocorrido quando homens armados assaltaram o povoado de pescadores, queimaram várias casas e levaram os habitantes, boa parte dos quais, incluindo algumas mulheres e crianças, seriam jovens entre 15 e 30 anos. O objetivo poderia ser recrutá-los a força para servir na milícia que semeia o terror no país e que instaurou uma ordem quase medieval, segundo a BBC e a agência Reuters. Os habitantes asseguram que outras 26 pessoas morreram durante os enfrentamentos, nos quais a população tentou sem sucesso resistir, de acordo com o relato de uma testemunha ocular que se comunicou por rádio com a BBC. Outras fontes elevam a cifra de desaparecidos para uma centena e asseguram que seis idosos também foram assassinados.
Os ataques lançaram pânico entra a população, que fugiu para outras regiões do Estado de Borno, sobretudo a capital, Maiduguri, e o Estado de Yobe, onde entraram em contato com vários repórteres. “Não deixaram homens nem garotos, somente mulheres e meninas”, disse exausta Halima Adamu para a Reuters, após uma viagem de 180 quilômetros em um caminhão e que a levou desde Doron Baga até a capital do Estado. “Gritavam: Alá é grande! e disparavam para o ar. Havia confusão por todos os lados. Colocaram os homens em seus veículos ameaçando matá-los se fossem desobedecidos. Todo mundo estava assustado”, afirmou. “Os homens foram levados à força em lanchas a motor até o Lago Chade”.
Nem o Governo nem o Exército nigeriano confirmaram o sequestro, como tampouco deram notícias sobre o paradeiro das meninas sequestradas, apesar da ajuda sem sucesso que vários países, entre eles os Estados Unidos e o Reino Unido, deram para as autoridades de Abuja para que as meninas fossem encontradas. Precisamente, o encarregado britânico para a África, James Duddridge, assegura em um e-mail público hoje “sentir-se desgostoso com as notícias de outro sequestro massivo no noroeste da Nigéria”. Segundo a mensagem, “o Alto Comissariado britânico em Abuja está obtendo detalhes. O Reino Unido está ao lado da Nigéria para enfrentar a Boko Haram”.
A Boko Haram, que significa “a educação não islâmica é pecado”, luta para impor um Estado islâmico na Nigéria, país de maioria muçulmana no norte e predominantemente cristã no sul. Nos sete meses de 2014, assassinaram cerca de 3.000 pessoas, e mais de 12.000 desde 2009, de acordo com os cálculos do Governo nigeriano.
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