Mais um cubano abandona o programa Mais Médicos
O médico Ortelio Jaime Guerra é o segundo cubano a abandonar o programa do Governo Federal Mais Médicos. Em sua página no Facebook, Guerra anuncia, em um post publicado na madrugada deste domingo, que deixara a cidade de Pariquera-Açu, no interior do estado de São Paulo, e conta já estar nos Estados Unidos, país que tem um programa de vistos específicos para profissionais cubanos que estão em missão no exterior e não querem voltar para a ilha dos irmãos Castro.
“Meus amigos de Pariquera-Açu, eu preciso que vocês saibam que eu tive que ir embora de lá sem falar para ninguém por questões de segurança”, escreveu, em uma mistura de português e espanhol. “Para todos os meus amigos do Facebook que me enviaram mensagens preocupados pela minha ausência, agradeço infinitamente. Estou bem agora, nos Estados Unidos. Precisava dar esse passo e sempre sentirei muito orgulho da minha terra e das minhas raízes”.
Na semana passada, a cubana Ramona Matos Rodriguez, que, assim como Guerra, estava no Brasil desde dezembro do ano passado, trabalhando na cidade de Pacajá, no Pará (norte do Brasil), deixou o programa alegando receber menos dinheiro do que o combinado. Segundo Rodriguez, o acordo era que o governo brasileiro pagasse 10.000 reais ao governo cubano e, desse valor, metade iria para os médicos. Porém, a médica alega estar recebendo 400 dólares por mês (quase 1.000 reais).
Já Guerra, que diz em seu perfil na rede social ser especialista em nefrología, formado no Instituto Superior de Ciências Médicas Carlos Finaly, da Universidade de Camaguei, em Cuba, não explicita as motivações da sua saída. Ainda não se sabe ao certo o dia em que ele saiu do Brasil.
Ilegalidades no contrato
Nesta segunda-feira 10, depois de ouvir o depoimento de Ramona Rodriguez, o procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT), Sebastião Caixeta, reiterou que há ilegalidades na contratação dos profissionais do programa Mais Médicos, independentemente da nacionalidade deles.
Informações da Agência Brasil dão conta de que Rodriguez encaminhou a Caixeta seu contrato com cláusulas que exigiam que os cubanos do programa não se relacionassem afetivamente com pessoas de outras nacionalidades e que cumprissem uma confidencialidade sobre a atuação no programa.
Um inquérito aberto em agosto do ano passado por Caixeta investiga as relações entre todos os médicos do programa, de todas as nacionalidades, com o Governo Federal. Segundo Caixeta, o programa Mais Médicos é necessário para o atendimento do direito fundamental da saúde, mas “está sendo implementado de maneira a sacrificar outros valores constitucionais”.
No inquérito, que deve ser concluído até o fim desse mês, o MPT deve pedir a isonomia entre os profissionais cubanos e médicos de outras nacionalidades e a regularização da relação entre os profissionais e o governo brasileiro.
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