Por Deisy Buitrago e Peter Murphy
CARACAS, 12 Fev (Reuters) - Duas pessoas morreram nesta quarta-feira e dezenas ficaram feridas na Venezuela durante enfrentamentos entre opositores e defensores do governo do presidente Nicolás Maduro, que acusa seus rivais de querer tirá-lo do poder enquanto enfrenta reclamações que vão da elevada inflação à insegurança.
Os dois movimentos saíram às ruas da capital, Caracas, e de algumas cidades do interior, um para protestar contra o mandatário e outro para comemorar uma batalha independentista. Mas a temperatura subiu e os grupos rivais entraram em confronto, deixando vítimas e carros incendiados.
As autoridades da Venezuela confirmaram duas mortes. Uma das vítimas fatais foi um estudante baleado em confronto com grupos pró-governo. Um fotógrafo e um cinegrafista da Reuters viram o jovem cair ao chão.
"Claramente, isso é o resultado de um ataque traiçoeiro e covarde de corpos de segurança e de grupos armados", disse Maria Corina Machado, uma reconhecida líder da oposição.
Mas a procuradora-geral, Luisa Ortega Díaz, garantiu que um integrante dos grupos também morreu baleado e detalhou que havia 23 feridos.
"Foi assassinado pelo fascismo", disse Diosdado Cabello, chefe da Assembleia Nacional e um dos homens mais fortes do governo, sobre o militante governista morto.
A Venezuela está dividida quase ao meio entre os que defendem programas sociais do governo, que beneficiaram milhões de pessoas, e aqueles que querem uma mudança de curso, cansados da frágil economia e a insegurança.
Houve manifestações oposicionistas, coloridas e com grande número de participantes em Caracas e nas cidades mais populosas do país petrolífero, com queixas contra o elevado custo de vida, a escassez de produtos e a criminalidade, e pedindo a libertação de várias pessoas presas nos últimos dias.
Nas últimas semanas, grupos encabeçados pela ala mais radical da oposição, composta por Leopoldo López, a deputada María Corina Machado e o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, saíram às ruas para protestar contra o governo de Maduro, provocando enfrentamentos violentos com as forças de segurança.
Maduro, um ex-motorista de ônibus e sindicalista, afirmou que as manifestações pretendem destituí-lo do poder, apenas dez meses depois de ter assumido o cargo.
"Querem derrubar o governo legítimo que eu comando. Não vão poder, mas vão causar danos à Venezuela", disse Maduro durante um discurso na noite de terça-feira.
"Retratem-se a tempo, e depois, se não se retratarem, não se declarem perseguidos políticos, porque eu vou aplicar a lei e a Constituição com severidade absoluta contra golpistas, desestabilizadores e setores violentos", acrescentou.
Mas os manifestantes, na maioria estudantes, responderam com firmeza. "Quanto mais repressão, os estudantes seguirão mais e mais para a rua", disse a dirigente estudantil Tamy Suárez, em Caracas.
Em 2002, protestos massivos da oposição terminaram levando a um breve golpe de Estado que tirou do poder o falecido presidente Hugo Chávez por 36 horas, mas o líder voltou respaldado por um grupo leal do Exército e graças a partidários que inundaram as ruas pedindo a sua permanência no cargo.
(Reportagem adicional de Andrew Cawthorne e Jorge Silva, em Caracas; e de Javier Faría, em San Cristóbal)
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