Na esteira de uma maior aversão a risco entre os investidores, a bolsa brasileira encerrou o primeiro pregão de fevereiro com a maior queda diária em sete meses. O principal índice de ações do país caiu 3,1% nesta segunda-feira –nenhum dos 72 papéis que o compõem conseguiu fechar em alta.
Tradicional ativo de segurança, o dólar, por sua vez, avançou 1% ante o real, encerrando no maior valor desde agosto do ano passado, acima do patamar de 2,43 reais.
Indicadores divulgados nesta segunda-feira reforçaram temores em relação ao desempenho da economia dos Estados Unidos e da China, aprofundando as já existentes preocupações em relação à migração dos investidores de emergentes para países considerados mais seguros com a retirada gradual de estímulos do Federal Reserve (banco central norte-americano).
Haverá um novo corte de 10 bilhões de dólares (24,36 bilhões de reais) nos planos do BC dos EUA de compra de dívida hipotecária. O Fed assegura que o novo volume de compra de dívida permitirá manter baixa a pressão sobre os juros em longo prazo e, consequentemente, isso ajudará a sustentar o crescimento.
As quedas dos três principais índices acionários nos EUA nesta segunda-feira lembram ainda as vistas em agosto do ano passado, quando o BC dos EUA antecipou sua intenção de começar a colocar um ponto final nos estímulos. Os principais pregões europeus também recuaram hoje.
“Infelizmente a aversão a risco global pesa, sobretudo, entre os emergentes. O mercado anda muito arisco. Qualquer declaração, dado ou indicador atrai a atenção”, afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, que destaca a volatilidade das negociações.
“O investidor olha para dados que indicam que talvez a economia dos EUA possa não estar respondendo à altura, vê a China caindo, e então revê suas posições e corre para o dólar”, acrescenta.
“Houve uma queda generalizada hoje. Mas a aversão a risco na Bolsa brasileira já vem predominando nos últimos meses”, avalia, por sua vez, o economista-chefe da INVX Global, Eduardo Velho.
Indicadores divulgados nesta segunda-feira mostraram desaceleração da atividade industrial nos EUA em janeiro, em um resultado abaixo do esperado pelo mercado. Isso pode sinalizar uma perda de força na economia do país.
“Quando a economia norte-americana não estava bem há mais de cinco anos, havia um grande fluxo de capital para os emergentes. Agora, com as moedas desses países com déficits elevados e problemas fiscais, a tendência é o contrário”, diz Velho.
“As políticas monetárias dos emergentes está se tornando mais restritiva e menos expansionista”, acrescenta o economista-chefe, que credita ainda o movimento de baixa global nos mercados nesta segunda-feira a realizações de lucros.
A China, principal parceira comercial do Brasil, por sua vez, apresentou no fim de semana dados mais fracos sobre indústria e serviços.
“Os chineses, que vinham sendo o motor da economia mundial, comandando a recuperação dos emergentes, também acabam freando a recuperação dos próprios emergentes, leia-se também o Brasil”, acrescenta Galhardo.
Analistas internacionais avaliam ainda que as bolsas estão desorientadas, à espera da reunião do Banco Central Europeu (BCE) na quinta-feira e de dados de emprego dos EUA no dia seguinte.
Ainda nesta segunda-feira foi divulgado o resultado da balança comercial de janeiro no Brasil. O resultado tampouco foi animador: foi o pior entre todos os meses registrados na história.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) informou que houve déficit de 4,06 bilhões de dólares no primeiro mês do ano. O país fechou 2013 com superávit de 2,56 bilhões, no pior resultado anual desde 2000.
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