Uma síria pede esmola em Istambul. / BULENT KILIC (AFP)
O governador de Istambul anunciou nesta quarta-feira que vai tomar medidas para combater a massiva presença de refugiados sírios na cidade, entre elas enviá-los à força para acampamentos de pessoas desalojadas pela guerra. “Estamos trabalhando em várias medidas para enviar os refugiados [que vivem em Istambul, mas não têm alojamento] aos campos, mesmo sem seu consentimento”, declarou nesta quarta-feira Huseyin Avni Mutlu, governador de Istambul.
“Logo tomaremos novas e drásticas medidas”, assegurou Mutlu, que acrescentou que a cifra oficial de sírios na cidade é de 67.000 pessoas. O governador disse que foram construídos dois alojamentos na cidade para aproximadamente 700 refugiados sírios, e que destes mais de 500 já haviam ido voluntariamente para campos de refugiados no sudeste da Turquia. “Em Istambul existem sírios de classe média e com boa formação educacional, mas não são todos assim. O que nos preocupa são os sírios que tentam ganhar a vida pedindo nas ruas”, descreveu Mutlu. “De acordo com nossa regulamentação sobre mendigos, a polícia municipal é obrigada a impedir suas atividades, mas ainda podemos vê-los em Sultanahmet ou Taksim”, acrescentou o governador referindo-se a dois dos lugares emblemáticos de Istambul, visitados diariamente por um grande número de turistas.
O número total de cidadãos sírios que buscaram refúgio na Turquia desde o início da guerra em seu país superou no mês passado um milhão de pessoas. Destas, aproximadamente 218.000 vivem em 22 campos para refugiados, situados quase todos no sudeste do país, próximos da fronteira com a Síria. O resto reside majoritariamente em povoados e cidades da mesma zona, enquanto outros foram para Istambul, capital comercial e principal cidade do país.
Na última segunda-feira, um grupo de pessoas mascaradas e armadas com facas e pedaços de paus atacou vários comércios administrados por sírios na cidade de Adana, no sul do país. Os habitantes de Adana asseguraram que foram os sírios que os ameaçaram antes.
Por volta de mil pessoas se manifestaram na cidade de Kahramanmaras, também no sul da Turquia, durante o fim de semana, e pediram que os refugiados sírios fossem enviados de volta para seu país. Dias antes, em Gaziantep, na mesma zona, foram registrados protestos contra o problema de alojamento e empregos criados.
Habitantes de cidades que acolhem refugiados sírios se queixaram repetidamente de que estes aceitam trabalhar por menos dinheiro do que a população local, além de a ampliação da população levar a um aumento dos aluguéis.
Por outro lado, organizações defensoras dos direitos humanos denunciaram as condições de vida de grande número dos refugiados. Em particular, muitas mulheres são forçadas a se prostituírem ou são vendidas em matrimônio, segundo um comunicado da Mazlumder, uma organização islâmica turca.
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