A dois meses da Copa do Mundo, se tem alguma coisa que não deixa dúvidas quanto à felicidade do brasileiro em relação ao torneio no país é o álbum oficial de figurinhas do Mundial, lançado no último dia 4. Em meio aos protestos contra os gastos para sediar o evento, ou às notícias sobre os seguidos atrasos em obras de infraestrutura, a febre das figurinhas começa a ganhar intensidade entre os colecionadores habituais e os de primeira viagem, projetando finalmente um pouco daquilo que deve acontecer dentro das quatro linhas a partir de 12 de junho.
Só quem já colecionou um álbum da Copa sabe o que essa febre significa. Há cromos que parecem nunca sair nos pacotes e que são capazes de tornar imortal um jogador de nome impronunciável de uma seleção que dificilmente passaria da primeira fase. O que dizer então de algumas figurinhas que perdem a graça de tanto que aparecem e que nem servem mais para se tirar vantagem nas disputas com os amigos na escola, nos clubes ou no local de trabalho? Enfim, os apaixonados certamente entenderão.
Nos últimos anos, os aficionados ganharam ainda um aliado de peso para a troca das figurinhas repetidas: as redes sociais. No Facebook, os primeiros grandes grupos para o intercâmbio dos cromos começam a ser formados, unindo diferentes gerações. Dos pais que se lembram das figurinhas de ídolos do passado como Pelé, Sócrates e Zico, e que, agora, dividem a paixão com os filhos, que sonham com o hexacampeonato com o time de Neymar, que é, inclusive o garoto-propaganda da campanha de divulgação do novo álbum.
Uma só visita às redes sociais já é suficiente para reunir depoimentos saborosos. Um deles, por exemplo, reclama do “problema” de se colecionar com um poder aquisitivo suficiente para comprar um grande número de pacotes de figurinhas que antes demorava dias para ser atingido com a mesada e as “doações de pais e parentes”. Outro avisa que chegou a hora de organizar no Twitter quem vai colecionar as figurinhas do Mundial e “quem não vai ser mais” seu amigo. E há ainda os que lembram que o ser humano é o único que prega que “não vai ter Copa” e no outro ano coleciona o “álbum da mesma”.
Outro “presente” da tecnologia é o aplicativo Panini Collectors App, que pode ser baixado gratuitamente para smartphones e tablets, em 11 línguas. No momento, está disponível apenas para iOS, e até o final da semana para o sistema Android. Depois de instalado, o aplicativo ajuda a controlar a coleção, deixando no passado aqueles relações intermináveis feitas no papel ou em algumas páginas no fim do álbum. Indica as figurinhas já encontradas e as que ainda faltam, e permite compartilhar a relação de cromos repetidos com amigos nas redes sociais.
Mas o que já não é novidade nesta edição é o álbum online, hospedado no site da FIFA, e que estará disponível a partir do próximo dia 15. Serão 11 figurinhas online de cada seleção, entre outras, totalizando 391 cromos. Para completar essa coleção é necessário digitar os códigos encontrados no verso das figurinhas especiais, além de visitar e interagir com o site da entidade máxima do futebol mundial.
Segundo a editora responsável pelo álbum desde 1970, a italiana Panini, líder mundial do setor e presente em mais de 100 países, o número de colecionadores deverá chegar a 8 milhões só no Brasil. São ao todo 640 figurinhas -40 delas metalizadas (com efeitos holográficos) distribuídas em 80 páginas. Nelas estão cada um dos jogadores das 32 seleções que disputarão o Mundial, além de imagens dos 12 estádios, do mascote, do troféu e, claro, da bola. Estão lá também as tabelas dos grupos, com as datas e os locais dos jogos para preenchimentos do modo mais tradicional.
Apostas de risco
O álbum começa a ser produzido com dois anos de antecedência, com um intenso trabalho na definição dos jogadores que vão integrar cada uma das seleções. A conclusão do conteúdo antes das últimas convocações das equipes para o Mundial acaba proporcionando, no entanto, situações curiosas. Quem entre os fãs não se lembra de Ronaldinho Gaúcho no álbum da Copa de 2010? O jogador acabou não sendo convocado pelo técnico Dunga para o torneio, disputado na África do Sul. Mas acabou ficando para a posteridade na publicação.
Neste ano, uma das apostas mais “arriscadas” na equipe brasileira recai sobre Robinho, do Milan, que não tem sido uma presença constante nas listas de Luiz Felipe Scolari. Integram a seleção brasileira de 2014 no álbum, além de Robinho, Júlio César; Thiago Silva; David Luiz; Dani Alves; Marcelo; Dante; Ramires; Paulinho; Luiz Gustavo; Hernanes; Oscar; Bernard; Willian; Neymar; Hulk; e Fred.
Mas as dúvidas não são exclusividade da seleção brasileira. O colombiano Falcao García, do Monaco, também não tem presença confirmada na Copa, devido a uma lesão, outro fator imprevisível para aqueles que esperam os jogos para bater os rostos com as figurinhas.
O álbum tem duas versões no Brasil: uma “normal”, que custa 5,90 reais (2 reais a mais que o da última edição), e a “luxo”, com capa dura, que sai por 24,90 reais. Cada pacote tem cinco figurinhas e é vendido por 1 real (0,25 real mais caro que os da África do Sul).
Nenhum comentário:
Postar um comentário