terça-feira, 11 de março de 2014

As filhas do rei da Arábia Saudita denunciam prisão domiciliar


Elas dizem viver uma vida miserável, embora não sejam os bens materiais o que lhes falta como filhas de um dos homens mais ricos do mundo, o rei Abdalá da Arábia Saudita. Mesmo com acesso à Internet e às redes sociais, afirmam que elas duas e duas de suas irmãs estão há 13 anos presas em duas vilas dentro dos muros do palácio real de Yeda. Apesar de sair às vezes às compras, fazem isso mediante a licença prévia de alguns de seus familiares homens e sempre acompanhadas por um enorme aparato de segurança, de modo que rapidamente perdem a vontade de voltar a sair. São as princesas Sahar, de 42 anos, e Jawaher, de 38, duas das quatro filhas da segunda esposa do rei, Alanoud Alfayez, de 57 anos, que se casou com Abdalá quando ela tinha 15 anos e ele era já um homem maduro, embora ainda não fosse rei. As três contaram a sua história por meio da jornalista libanesa e colaboradora do Sunday Times de Londres, Hala Jaber, que contactaram pelo Facebook. Na reportagem afirmam que suas outras duas irmãs, Maha, de 41 anos, e Hala, de 39, encontram-se na mesma situação, em outra vila de palácio. A extensa reportagem de Hala Jaber relata como as restrições sofridas pelas quatro princesas são muito maiores do que as já enormes privações de liberdade pessoal das quais padecem de maneira geral as mulheres nesse país em que não são autorizadas a dirigir. A mãe, Alanoud, nascida na Jordânia no seio de uma proeminente família de origem saudita, é a segunda esposa de um rei que tem por costume manter quatro esposas ao mesmo tempo e das quais vai se divorciando sem prévio aviso quando precisa de uma cota vazia para uma nova. Abdalá, que tem agora 89 anos e se converteu em rei em 2005, depois da morte do seu meio irmão, o rei Fahd, se casou com ela nos começos dos anos 1970, quando era comandante da guarda nacional saudita. Era a sua segunda esposa e em 1980 ele a informou de um dia para outro que tinha se divorciado dela. Em 1981, sendo Abdalá o príncipe herdeiro, voltaram a se casar. Mas, três anos depois, se divorciaram de novo. Com o passar dos anos e cada vez com mais problemas para ter contato com as suas filhas, Alanoud foi viver em Londres. Ainda voltou mais uma vez à Arábia Saudita, mas acabou ficando em Londres, apesar dos pedidos do rei para que ficasse ali. As princesas viveram uma juventude feliz e relativamente ocidentalizada: estudavam e, duas vezes por ano, viajavam para passar as férias com a sua mãe. Mas, após uma viagem à Itália sem ela, as coisas começaram a mudar. Pouco a pouco, sentiram-se cada vez mais enclausuradas no palácio e com problemas para seguir uma vida de estilo ocidental. A situação chegou a ponto de uma delas ter de deixar de trabalhar em um banco por que o rei pensava que não era adequado que um de seus 38 descendentes estivesse empregado. Agora vivem como reféns, pagando talvez pela ausência da mãe. Alanoud escreveu ao Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, mas não obteve resposta por que a carta não foi assinada por ela, mas por seu advogado. Agora, ela voltou a escrever e, desta vez, ouviu a promessa de uma resposta.

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