quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Por que Osama Bin Laden conseguiu escapar de Tora Bora?


O que deu errado para que as forças dos Estados Unidos não pudessem capturar Osama Bin Laden quando estavam a apenas 1.500 metros dele, em dezembro de 2001? Treze anos depois da frustrada operação nas montanhas de Tora Bora, ainda persistem muitas incógnitas que seguramente nunca se resolverão. Mas agora, graças à investigação de um jovem diplomata, se sabe que os meandros da frustrada tentativa tiveram uma mistura de vários fatores internos e externos, como erros logísticos, desconfianças diplomáticas, falta de informação e estratégias políticas e militares inadequadas. Os Estados Unidos perderam uma ocasião de ouro, a melhor que tiveram até maio de 2011, quando finalmente as forças especiais capturaram e assassinaram no Paquistão o líder da Al Qaeda. O que seria hoje do Afeganistão e da rede terrorista de Bin Laden tivesse sido detido em 2001 é uma incógnita que perdurará permanentemente e que, sem dúvida, suscita um intenso debate. Os detalhes desta operação fracassada são contados por Yaniv Barzilai, integrante do corpo diplomático dos Estados Unidos, no livro 102 Days of War - "102 Dias de Guerra" -, que acaba de publicar a editora Potomac Books. A partir de entrevistas com destacados membros da CIA, do Pentágono e do governo de George W. Bush (2001-2009), Barzilai, de 25 anos de idade e que trabalhou para o representante especial do Departamento de Estado no Afeganistão e no Paquistão, analisa com detalhes a estratégia impulsionada de Washington para derrotar a Al Qaeda e capturar Bin Laden nos frenéticos dias que se sucederam aos atentados de 11 de setembro de 2001. "Houve muita improvisação e as informações de inteligência eram levadas em conta assim que apareciam", contou nesta quinta o diplomata em um debate sobre seu livro, no centro de estudos Brookings, em Washington. "Após os atentados, a pressão era enorme. Bush disse que atuaria no ritmo dele, mas sabia que precisava agir rapidamente". Uma das maiores surpresas para o presidente, explicou, foi comprovar que o Pentágono tinha muito pouca informação sobre o Afeganistão, enquanto, por outro lado, a CIA dispunha de planos avançados sobre como decapitar a rede da Al Qaeda em 93 países e conhecia perfeitamente os meandros do regime dos talibãs graças a sua experiência, décadas atrás, no Afeganistão soviético. Os detalhes desta operação fracassada são contados por Yaniv Barzilai, integrante do corpo diplomático dos Estados Unidos, no livro 102 Days of War - "102 Dias de Guerra" Isso fez com que a CIA se movesse rapidamente sobre o terreno para localizar Bin Laden, enquanto o Departamento de Defesa esboçava um plano saindo do zero para atacar o país asiático. O primeiro time da agência entrou no Afeganistão no dia 26 de setembro e depois de três semanas começou a intervenção militar que, após 13 anos, ainda perdura. O regime dos talibãs sucumbiu rapidamente após perder o controle de Kabul em 13 de novembro. A CIA descobriu que, após a queda da capital, Bin Laden havia se deslocado para a região de Tora Bora, no nordeste do país, junto à montanhosa fronteira com o Paquistão. Foi então que se iniciou a operação para capturá-lo e que acabaria em um fracasso retumbante. No dia 1o de dezembro, a primeira equipe, formada por só quatro agentes, se deslocou para as montanhas de Tora Bora, onde combateu alguns militantes da Al Qaeda. Após estes eventos, o máximo responsável da CIA no Afeganistão considerou que, devido à geografia acidentada, o líder jihadista poderia fugir facilmente. Solicitou, então, à cúpula militar que lhe mandassem um comando de reforço de 800 soldados. O pedido foi negado e só foram enviados 40 soldados de operações especiais. Assim, no total, havia 93 norte-americanos em Tora Bora com a ordem de "seguir e dar apoio" às três facções afegãs que supostamente lhes estavam ajudando, segundo Barzilai. Pouco depois, chegou o dia chave. Na tarde de 10 de dezembro - 102 dias depois do atentado de 11 de setembro, daí o título do livro -, a CIA interceptou por rádio uma comunicação de Bin Laden e soube exatamente onde ele estava se escondendo. Uma equipe de 40 forças especiais se encontrava a apenas cinco quilômetros do lugar, no alto de uma colina, e partiu em direção da captura. No entanto, pouco depois os soldados viram, atônitos, que seus aliados afegãos estavam descendo a montanha, apesar do acordo prévio de que se encontrariam em um ponto concreto para irem juntos capturar o líder da Al Qaeda. Mesmo assim, o comandante da operação decidiu prosseguir com a equipe rumo ao cume. Pouco depois, desistiu e decidiu voltar. "Haviam chegado a uma ladeira bastante perigosa, a noite caía e não sabiam exatamente onde estavam e por onde seguir. A ordem que haviam recebido era a de não ir atrás de Bin Laden sozinhos. Além disso, precisavam resgatar alguns soldados em outra zona. Acabaram voltando", relatou o diplomata. Quando o fizeram, estavam a escassos 1.500 metros do paradeiro do terrorista mais procurado do mundo, o mais próximo que estariam forças norte-americanas de Bin Laden até a captura de dez anos mais tarde, em 2 de maio de 2011, na cidade paquistanesa de Abbottabad. Houve muita improvisação e as informações de inteligência eram levadas em conta assim que apareciam Yaniv Barzilai Segundo Barzilai, há uma dúzia de fatores externos e internos por trás da operação fracassada. No âmbito internacional, a pouca confiança nos supostos aliados afegãos e paquistaneses - inclusive se especula que alguns ajudaram o terrorista a escapar -; assim como a "distração" que supôs para Washington, quase ao mesmo tempo, o início da planificação da guerra do Iraque. No plano doméstico, foram sobretudo três grandes erros. O primeiro, a tática utilizada inicialmente, que buscava a derrota política dos talibãs sem grandes ações militares, o que isolaria por completo Tora Bora para capturar Bin Laden. Em segundo lugar, um objetivo errático: "Bush queria que o Afeganistão deixasse de ser um lugar seguro para a Al Qaeda, e foi o que fizemos, mas eles saíram de lá sem serem destruídos". Por último, houve falta de liderança. O diplomata afirma que o presidente dos Estados Unidos e seu secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, deram liberdade demais às cúpulas militares, evitando entrar nos detalhes concretos da guerra e só recebendo informações de Tora Bora a cada uma ou duas semanas. A grande pergunta, portanto, é se Bush e Rumsfeld chegaram a saber que as forças dos Estados Unidos estavam tão perto de Bin Laden. Durante o debate, Barzilai evitou dar uma resposta concreta, mas sugeriu que não, os líderes não souberam. "A informação chegou a níveis muito altos do serviço de inteligência, mas houve um filtro em algum momento. Só saberemos a verdade se os documentos deixarem de ser confidenciais", disse, com ambiguidade. Mesmo assim, indicou que a doutrina que imperava no Pentágono era a de não destinar tantos recursos à busca de um só indivíduo, por mais letal que ele fosse. Neste sentido, lembrou que Rumsfeld insiste, em sua biografia, que o principal objetivo da intervenção no Afeganistão era evitar um novo atentado aos Estados Unidos, não prender o líder terrorista. Seja como for, no início de 2002, poucas semanas após o fracassado dia 10 de dezembro, quando, segundo Barzilai, Bin Laden sabia bem que o cerco estava se fechando e achava que iria morrer, o terrorista conseguiu cruzar para o Paquistão. Ali, permaneceu escondido por nove anos até ser encontrado pelos norte-americanos em uma operação polêmica e que colocou em cheque o verdadeiro compromisso de Islamabad na luta contra a Al Qaeda. Segundo Barzilai, há uma dúzia de fatores externos e internos por trás da operação fracassada Ainda que nunca tenhamos respostas, fica a pergunta. O que teria acontecido se Bin Laden tivesse sido capturado em dezembro de 2001? À parte especulações e a pura retórica, não há dúvidas de que o golpe teria sido devastador. "Considero que não haveria acontecido muito do que aconteceu no Afeganistão e no Iraque desde então", avaliou o autor do livro. "Os Estados Unidos estariam em uma posição muito diferente no mundo de hoje em dia. Seu papel ficou completamente afetado pelo 11 de setembro". O moderador do debate, o pesquisador da Brookings Bruce Riedel, enfatizou que Bin Laden estava em Tora Bora junto com seus mais próximos colaboradores e imaginou o que teria se tornado a Al Qaeda. "Eles eram o cérebro da Al Qaeda, e o fato de que todos tenham sobrevivido no Afeganistão lhes deu muita força para expandir as ações. Logo vieram os atentados de Bali, Madri e Londres, quem sabe se eles teriam ocorrido". Nunca se saberá. Mas o que ficou evidente é que hoje, ainda que os atentados massivos tenham diminuído, a Al Qaeda e o jihadismo mantêm sua força e capacidade de atração - basta ver os barris de pólvora na Síria e no Iraque -, e o Afeganistão permanece afundado em uma instabilidade permanente e com pouca perspectiva de solução.

Banco Central e Casa da Moeda lançam moedas comemorativas da Copa


Banco Central e Casa da Moeda lançam moedas comemorativas da Copa

O Banco Central e a Casa da Moeda lançaram hoje (29) nove moedas comemorativas da Copa do Mundo, que será disputada de 12 de junho a 13 de julho deste ano, em doze capitais brasileiras. A coleção, que marca a vigésima edição da Copa do Mundo de Futebol, é formada por 22.120 moedas, das quais 2.720 em ouro, 12 mil em prata e 7,4 mil de cuproníquel, que foram disponibilizadas à venda, em dinheiro, logo depois da cerimônia, na sede do Banco Central, em Brasília.
As moedas foram colocadas à venda, simultaneamente, também nas regionais do banco em Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, São Paulo, Curitiba r Porto Alegre e no Rio de Janeiro, bem como no site do Banco do Brasil.
A moeda de ouro tem valor de face de R$ 10 e peso de 4,4 gramas e sai para o comprador a R$ 1.180. A moeda faz alusão à Copa do Mundo da Fifa Brasil 2014, de um lado, e no verso mostra o momento do gol, com uma bola na rede, e ao lado as estrelas que formam a Constelação do Cruzeiro do Sul.
As duas moedas de prata têm valor de face de R$ 5 e peso de 27 gramas e custam para o colecionador R$ 190. Ambas fazem alusão à Copa do Mundo, de um lado, mas, no verso, enquanto uma apresenta o mascote oficial, com desenho do tatu estilizado, a outra traz um mapa do Brasil com indicação das 12 cidades-sede da competição.
As seis moedas de cuproníquel têm valor cunhado de R$ 2 e peso de 10,17 gramas, ao custo de R$ 30,00 cada. Elas compõem a série Jogadas de Futebol, com lances típicos como a defesa do goleiro, a cabeçada, a "matada" de bola no peito, o passe, o drible e o gol.
No Banco Central e em suas regionais, o pagamento é em dinheiro e. Nas compras pela internet, o pagamento pode ser por meio de boleto ou débito em conta para os correntistas do Banco do Brasil. A partir de março, as moedas de cuproníquel também poderão ser adquiridas em cartela com o conjunto completo das Jogadas do Futebol, informou o diretor do Departamento de Meio Circulante do Banco Central, João Sidney de Figueiredo Filho.
Fonte:EBC

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Marketing Futebol Clube


Começa um novo ano e você, consumidor de futebol, é assaltado pelas típicas dúvidas existenciais. Está farto de ser você mesmo? Isso é evidente. Mas se pudesse entrar na pele de um jogador de futebol, de um herói popular, que goleiro gostaria de ser? Que lateral direito? Qual meio-campista você encarnaria com mais entusiasmo? E qual artilheiro? Por acaso daria tudo para roubar a identidade de Cristiano Ronaldo, emocionadíssimo Bola de Ouro de 2013? É o tipo de pesquisa de opinião que o diretor de marketing de um clube de futebol dirigiria aos torcedores do mundo todo na hora de saber quem contratar, tendo em vista o único objetivo de vender camisas. Provavelmente os resultados não bateriam com a realidade esportiva, porque 70% dos pesquisados gostariam de ser atacantes, ao passo que praticamente ninguém aspira a ser lateral direito, de modo que a equipe não teria laterais, nem vários dos especialistas que os treinadores costumam exigir quando montam suas equipes. Mas, que diabos! Os torcedores nem desconfiam, mas isto já não é um clube de futebol, e eles são cúmplices de uma trama ilusória, cujo único fim é competir na disputada Liga do Fluxo de Caixa. O resultado da pesquisa seria mais ou menos o seguinte: Casillas, Zhang Linpeng, Bale, Iniesta, Shirokov, Schweinsteiger, Messi, Cristiano, Rooney, Drogba e Neymar. O sonho dourado do diretor de marketing! JORGE LAWERTA Iker Casillas no gol é uma escolha óbvia. No manual de antropologia do vendedor de ilusões, há um capítulo que diz que o sucesso é um negócio formidável, e que o sucesso alheio pode ser explorado, pois gera ilusão de sucesso próprio quando adquirimos um objeto rubricado pelo bem-sucedido original. Poucas figuras são mais veneradas no futebol do que o último homem a erguer a Copa do Mundo, alegoria suprema da vitória. Contratações imperiais É verdade que Zhang Linpeng, zagueiro central do Guangzhou Evergrande, não está entre os cem melhores defensores do mundo, mas um bom especialista em branding pagaria por ele dez vezes o seu valor. O mercado chinês, esse target com 300 milhões de seguidores de classe média-alta, é imprescindível para colocar o clube no topo da lista da Forbes das empresas esportivas com maiores faturamentos. Imaginem Zhang Linpeng com uma bolsa Louis Vuitton, e não serão necessárias palavras para descrever seu caráter global. Qualquer diretor de marketing sabe que o Império Britânico já não existe mais, mas deixou o planeta marcado por indeléveis linhas de intercâmbio comercial. Graças a essas vias, os jogadores da Liga Inglesa de futebol se tornam conhecidos na América do Norte, na Ásia e na Oceania antes que os de qualquer outro campeonato. Quanto mais britânicos o clube escalar, melhores serão as vendas. Convém importá-los, se for possível, mesmo pagando 100 milhões de euros, quando os avaliadores recomendam não passar de 50. Gareth Bale não é Messi, nem Neymar, nem Cristiano, mas foi o melhor jogador da Premier 2012-13. Um produto imprescindível para abranger mercados que só um britânico de olhos azuis pode conquistar. JORGE LAWERTA A singularidade, dizem os especialistas, é um dos valores supremos do marketing. Sob essa premissa, é imperativo contratar Andrés Iniesta. Não vende cueca (só sorvetes Kalise), mas é inconcebível outra estrela mais sutil e mais sábia com a bola. Será exigido pela minoria à qual só o jogo interessa. Um bom diretor de marketing respeita as minorias. Dependência energética A Europa não pode viver sem o gás da Rússia, e a Uefa não pode viver sem o patrocínio da companhia russa Gazprom, o maior produtor de gás natural do mundo. Seguindo essa lógica, não resta alternativa senão assinar contrato com Roman Shirokov. O feroz meio-campista russo do Zenit, famoso por sua arrogância nacionalista, é o homem indicado para acender a fibra sensível de uma torcida cujo poder aquisitivo não para de crescer. Bastian Schweinsteiger, meio-campista do Bayern, é a exigência da galera alemã. E mais: é o representante da Mitteleuropa, essa região que rodeia os Alpes e que concentra a maior industrialização do Hemisfério Ocidental. Estamos diante da capital universal dos bancos, e não é por acaso que a Fifa tem sua sede em Zurique. Os credores (os que impõem as condições) merecem ter alguém em quem se verem refletidos, mesmo que de longe. Ainda por cima, Schweini é um excelente jogador. Já Lionel Messi é um caso excepcional. Se fosse só pelo marketing, esse menino não teria chegado à equipe do seu bairro, na zona sul de Rosario. Mas é que ninguém joga futebol na categoria de Messi. Simplesmente é tão bom que ganhou a admiração inclusive daquelas multidões que não estão nem aí para o futebol. Vende passagens aéreas (Turkish), roupas (Dolce & Gabbana), bebidas (Pepsi) e, é obvio, chuteiras (é o garoto-propaganda da Adidas). A beleza esquemática de Cristiano Ronaldo, sua musculatura de aula de anatomia, sua cabeça rigorosa e seus traços de Astroboy fazem dele um modelo de super-herói de gibi. O português é o paradigma dos estrategistas comerciais porque suas qualidades físicas abrem o leque da audiência para o universo feminino, o adulto e o infantil, tanto para os compradores de roupa íntima sexy (Armani) quanto para os solicitantes de créditos hipotecários (Banco do Espírito Santo). Dizia um célebre diretor de marketing que Cristiano criava tendências, e que sua tendência mais revolucionária tinha sido eliminar a moda das tatuagens entre os jovens. Com CR, caíram as vendas de tinturas subcutâneas, mas disparou o consumo de cremes. JORGE LAWERTA Wayne Rooney é o segundo britânico da equipe. Sua singularidade reside em sua origem proletária, nas bebedeiras familiares, nas brigas, em suas queridas prostitutas. Alguém precisava representar o inglês abnegado que sai do poço para percorrer a parábola da prosperidade social e do desencanto. É a gota que Dickens coloca em nosso relato. Todos os jogadores de futebol profissionais e todos os técnicos sabem que Drogba está velho e que sua certidão de nascimento não é confiável (quantos anos tem? 30? 40? 45?). Seria impossível amortizá-lo esportivamente. Mas é preciso contratá-lo: tem carisma, e não convém descuidar dos mercados emergentes da África. Há alguns anos, ninguém teria contratado um jogador de futebol africano, porque eles não traziam patrocínios relevantes. Mas agora, com o tanto que cresce o PIB em países como África do Sul, Gana e Congo, é preciso mudar de geoestratégia. Logo bonito Basta pesquisarmos uma coisa: a lista de contratos publicitários de Neymar da Silva Santos Jr.. Aos 21 anos, já assinou com Panasonic, Nike, Volkswagen, Banco Santander e L’Oréal, entre outras empresas. Sua renda por publicidade em 2012 foi de 48 milhões de reais, e ele lidera a lista do Eurosport sobre esportistas com mais potencial de mercado. Algo nos diz que, com essa carteira, o rapaz interessa muito aos meninos e (sobretudo) às meninas do Brasil, iminente organizador da Copa do Mundo e locomotiva dos países emergentes da América do Sul.

Advogados pedem impeachment de governadora, mas chances são mínimas


Um grupo de advogados paulistas e maranhenses ingressou na Assembleia Legislativa do Maranhão com um pedido de impeachment da governadora Roseana Sarney (PMDB). Eles a responsabilizam pelo caos no sistema penitenciário do Estado, assim como pela falta de segurança e por violação aos direitos humanos, já que diversos alertas têm sido emitidos há ao menos seis anos, quando foi realizada uma CPI do Sistema Carcerário na Câmara dos Deputados. O pedido dos advogados só deve ser analisado em fevereiro com o fim das férias dos deputados estaduais. A possibilidade do impeachment ocorrer é quase nula, já que 30 dos 43 parlamentares da Assembleia são da base governista. Aliados, aliás, que têm formado uma verdadeira tropa de choque do governo maranhense nos últimos dias. Na segunda-feira passada, a Comissão de Direitos Humanos do Senado visitou o Estado, onde participou de várias reuniões com autoridades e representantes de organizações sociais. Em quase todas havia a participação de defensores do Governo, que amenizavam o problema ou que dificultavam o acesso a importantes áreas que deveriam ter sido inspecionadas pelos senadores. Por exemplo, os senadores visitaram apenas três das oito prisões do Complexo de Pedrinhas, onde dezenas de presos foram decapitados no último ano. O presídio mais grave, o Centro de Detenção Provisória, não foi fiscalizado pelos senadores. A justificativa de um dos membros da tropa do Governo, o secretário Sebastião Uchoa, era de que a presença dos senadores nessa cadeia poderia gerar um motim por parte dos presos. Além disso, dois dos três presídios visitados pelos senadores foram maquiados, com transferência de presos de última hora e a compra de colchonetes que antes não existiam. Em um outro momento, o senador Lobão Filho (PMDB), que é filho de um ministro da equipe de Dilma Rousseff (PT) e aliado da família Sarney, se aproximou da imprensa que acompanhava a visita a Pedrinhas para fazer sua análise sobre a situação local. Ele disse que as condições dos presos não eram as melhores, mas que em casos de crise, os direitos humanos dos presos é a última coisa que precisa ser levada em conta. “Se formos tratar de direitos humanos, a prioridade absoluta é em relação às vítimas, aos familiares dos policiais." Discurso parecido foi feito pelo deputado federal Chiquinho Escórcio (PMDB) durante um encontro com 50 membros de ONGs de direitos humanos. “Por que aqui ninguém quer ouvir as famílias das vítimas desses presos?”, questionou antes de ser vaiado pelo público que lotava um auditório da Defensoria Pública do Maranhão. Assim como o impeachment de Roseana Sarney não deve ter resultado, a tendência é de que a intervenção federal no Estado também não ocorra. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já sinalizou que deve pedir a intervenção, atendendo aos pedidos de ONGs e dos Conselhos Nacionais de Justiça e do Ministério Público. Mas, apenas essa solicitação, se ela ocorrer, não implica em nada na prática. Em 2008 a Procuradoria da República também havia solicitado a intervenção no Estado de Roraima por causa do caos no presídio de Urso Branco, onde havia sérias violações de direitos humanos. Até hoje esse caso não foi julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Em conversas reservadas, membros do Judiciário e do Ministério Público disseram a esse periódico que já há uma intervenção velada no Estado. A avaliação de dois juízes e quatro promotores ouvidos por EL PAÍS é que a vinda do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a São Luís na semana passada, já demonstrou que a União assumiu indiretamente as rédeas no Estado. Para eles, essa ação foi orquestrada pela presidente Dilma Rousseff para evitar uma indisposição com um de seus principais aliados, o senador e ex-presidente José Sarney (PMDB), pai de Roseana.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

História Pessoal de Rosângela Silva Gonçalves Nunes, sou natural de uma pequena cidade do interior do Rio Grande do Sul, chamada Cacequi.


Rosângela estava desanimada porque não conseguia ingressar em uma universidade federal. Depois de três anos tentando, se inscreveu no Prouni, conseguiu uma bolsa integral para fazer o desejado curso de ciências biológicas e depois ainda foi aprovada em uma recém aberta universidade federal. Hoje, é doutoranda. Rosângela, muito obrigada por compartilhar sua história conosco e parabéns! Leia a íntegra da carta que Rosângela enviou a Lula: "Caro Ex-Presidente Lula, Desde muito tempo penso em lhe escrever este e-mail, uma mensagem de carinho, gratidão e admiração. Pois bem, meu nome é Rosângela Silva Gonçalves Nunes, sou natural de uma pequena cidade do interior do Rio Grande do Sul, chamada Cacequi. Meu pai, hoje falecido, era pedreiro e minha mãe é professora aposentada. Meu irmão, com todo sacrifício formou-se na Universidade Federal de Santa Maria-UFSM, e desde pequena me incentivou a estudar, assim como meus pais, que mesmo sem estudos nos incentivavam muito. O sonho de entrar em uma Universidade Federal para uma menina de classe média baixa e de uma cidade do interior era muito difícil, existiam poucas universidades federais, e as que tinham eram longe, e as universidades particulares extremamente caras. Depois de 3 anos morando longe dos meus pais, e passando um bocado de sacrifício para tentar entrar em uma das poucas vaga de Ciências Biológicas na UFSM, me senti desmotivada. Foi aí que você e seu primeiro governo começaram a mudar minha vida. Fiz a prova do ENEM, e participei do PROUNI, me inscrevi para a faculdade de Ciências Biológicas da URCAMP, uma universidade particular na cidade de São Gabriel, cidade próxima a minha cidade natal. Para minha felicidade, passei com bolsa integral, e decidi colocar toda minha vontade de estudar nesta oportunidade. Após 4 meses de faculdade e muito feliz em poder estar estudando, surge boatos que uma nova universidade federal iria ser aberta na região da campanha gaúcha, e que ela se chamaria Universidade Federal do Pampa-UNIPAMPA, e melhor ainda, iria abrir o curso de Ciências Biológicas em São Gabriel, nossa, fiquei radiante. Logo que começaram as inscrições para o vestibular me inscrevi, fiz o vestibular e PASSEII!! Agora eu estava em uma universidade federal, estufava o peito em dizer isso, e durante todo o curso pude observar e fazer parte da construção desta instituição de ensino que cresce até hoje. O dia da minha formatura foi um dos dias mais especiais e emocionantes da minha vida, e para completar a felicidade fui laureada durante a colação pela minha excelência como aluna durante todo o curso. Para mim, ser boa aluna era o mínimo, com a oportunidade que eu tinha tido. Após formada, me dediquei a concursos e também fiz mestrado na UFSM, onde durante o curso tive bolsa do governo federal. Hoje faço doutorado na mesma instituição. Com muito orgulho, hoje trabalho como técnica de laboratório de biologia na UFFS, Universidade Federal da Fronteira Sul, instituição esta também construída durante seu governo, e estou para ser nomeada para o mesmo cargo na UNIPAMPA, universidade em que me formei, o que me traz muito orgulho. Meu marido e irmão trabalham como professor e técnico, respectivamente, no IFF, Instituto Federal Farroupilha, instituição a qual foi o seu governo que expandiu e transformou pequenas cidades em centros de ensino e de oportunidades. Como o Senhor vê, tenho uma gratidão imensa pelo trabalho que você fez e faz. Não tenho noção do que seria da minha vida sem as oportunidades que foram me dadas no seu governo e no da Presidenta Dilma. Espero que estas palavras cheguem até você e que lhe levem o meu: MUITO OBRIGADA!!! Quem sabe um dia, nos encontramos, tomamos um chimarrão e lhe dou um abraço beeem apertado! Lhe prezo muito! Fique com Deus! Com carinho, Rosângela S. Gonçalves Nunes Técnica de Laboratório/ Biologia- UFFS- Passo Fundo Bióloga Doutoranda em Ciência do Solo- UFSM" Inscreve-se até sexta-feira na edição 2014/1 do Prouni e seja mais um universitário! Rosângela estava desanimada porque não conseguia ingressar em uma universidade federal. Depois de três anos tentando, se inscreveu no Prouni, conseguiu uma bolsa integral para fazer o desejado curso de ciências biológicas e depois ainda foi aprovada em uma recém aberta universidade federal. Hoje, é doutoranda. Rosângela, muito obrigada por compartilhar sua história conosco e parabéns! Leia a íntegra da carta que Rosângela enviou a Lula: "Caro Ex-Presidente Lula, Desde muito tempo penso em lhe escrever este e-mail, uma mensagem de carinho, gratidão e admiração. Pois bem, meu nome é Rosângela Silva Gonçalves Nunes, sou natural de uma pequena cidade do interior do Rio Grande do Sul, chamada Cacequi. Meu pai, hoje falecido, era pedreiro e minha mãe é professora aposentada. Meu irmão, com todo sacrifício formou-se na Universidade Federal de Santa Maria-UFSM, e desde pequena me incentivou a estudar, assim como meus pais, que mesmo sem estudos nos incentivavam muito. O sonho de entrar em uma Universidade Federal para uma menina de classe média baixa e de uma cidade do interior era muito difícil, existiam poucas universidades federais, e as que tinham eram longe, e as universidades particulares extremamente caras. Depois de 3 anos morando longe dos meus pais, e passando um bocado de sacrifício para tentar entrar em uma das poucas vaga de Ciências Biológicas na UFSM, me senti desmotivada. Foi aí que você e seu primeiro governo começaram a mudar minha vida. Fiz a prova do ENEM, e participei do PROUNI, me inscrevi para a faculdade de Ciências Biológicas da URCAMP, uma universidade particular na cidade de São Gabriel, cidade próxima a minha cidade natal. Para minha felicidade, passei com bolsa integral, e decidi colocar toda minha vontade de estudar nesta oportunidade. Após 4 meses de faculdade e muito feliz em poder estar estudando, surge boatos que uma nova universidade federal iria ser aberta na região da campanha gaúcha, e que ela se chamaria Universidade Federal do Pampa-UNIPAMPA, e melhor ainda, iria abrir o curso de Ciências Biológicas em São Gabriel, nossa, fiquei radiante. Logo que começaram as inscrições para o vestibular me inscrevi, fiz o vestibular e PASSEII!! Agora eu estava em uma universidade federal, estufava o peito em dizer isso, e durante todo o curso pude observar e fazer parte da construção desta instituição de ensino que cresce até hoje. O dia da minha formatura foi um dos dias mais especiais e emocionantes da minha vida, e para completar a felicidade fui laureada durante a colação pela minha excelência como aluna durante todo o curso. Para mim, ser boa aluna era o mínimo, com a oportunidade que eu tinha tido. Após formada, me dediquei a concursos e também fiz mestrado na UFSM, onde durante o curso tive bolsa do governo federal. Hoje faço doutorado na mesma instituição. Com muito orgulho, hoje trabalho como técnica de laboratório de biologia na UFFS, Universidade Federal da Fronteira Sul, instituição esta também construída durante seu governo, e estou para ser nomeada para o mesmo cargo na UNIPAMPA, universidade em que me formei, o que me traz muito orgulho. Meu marido e irmão trabalham como professor e técnico, respectivamente, no IFF, Instituto Federal Farroupilha, instituição a qual foi o seu governo que expandiu e transformou pequenas cidades em centros de ensino e de oportunidades. Como o Senhor vê, tenho uma gratidão imensa pelo trabalho que você fez e faz. Não tenho noção do que seria da minha vida sem as oportunidades que foram me dadas no seu governo e no da Presidenta Dilma. Espero que estas palavras cheguem até você e que lhe levem o meu: MUITO OBRIGADA!!! Quem sabe um dia, nos encontramos, tomamos um chimarrão e lhe dou um abraço beeem apertado! Lhe prezo muito! Fique com Deus! Com carinho, Rosângela S. Gonçalves Nunes Técnica de Laboratório/ Biologia- UFFS- Passo Fundo Bióloga Doutoranda em Ciência do Solo- UFSM" Inscreve-se até sexta-feira na edição 2014/1 do Prouni e seja mais um universitário!
Fonte: Facebook

Hollande se esquiva de perguntas sobre sua vida pessoal


O inimigo jurado das finanças e paladino da justiça social visto na campanha eleitoral de 2012 mudou de vida. Após 18 meses da sua chegada ao poder, François Hollande confirmou nesta terça-feira uma guinada radical na direção das receitas econômicas neoliberais, deixando de falar aos eleitores de esquerda para dar razão aos que consideram (Berlim, Bruxelas e Londres) que a França é um país esclerosado e para oferecer um pacto de responsabilidade – na verdade, um cheque na forma de redução de custos trabalhistas – aos patrões em troca de investimentos e empregos. Embora tenha falado principalmente de economia, o presidente francês chegava à terceira entrevista coletiva semestral do seu mandato com a água no pescoço por causa de um assunto particular do qual todo mundo fala, na França e sobretudo fora dela: seu romance adúltero com a atriz Julie Gayet, de 41 anos – 18 a menos do que ele –, que levou a primeira-dama Valérie Trierweiler, de 48 anos, a ser hospitalizada para um período de repouso e recuperação. Hollande prometeu eliminar as contribuições sobre as folhas de pagamento recolhidas por empresários e autônomos, que servem para financiar auxílios para famílias até 2017, uma medida que estimou em 30 bilhões de euros (96,7 bilhões de reais). E, recorrendo novamente ao manual ultraliberal, assegurou que bancará essa quantia promovendo uma reforma do Estado, lutando contra as fraude previdenciárias, simplificando os impostos e cortando 161 bilhões de reais em gastos públicos entre 2015 e 2017. “Tudo será revisto, mas não para reduzir a proteção social, de saúde ou ambiental, e sim para simplificar e facilitar a vida das empresas”, enfatizou Hollande, tentando limitar o impacto da concessão feita à entidade patronal Medef, cujos porta-vozes celebraram os anúncios e não se acanharam em dizer que Hollande havia apresentado um “programa de direita”. Embora o comparecimento do presidente tenha durado quase três horas, Hollande deu um jeito de não oferecer, diante de mais de 500 jornalistas franceses e estrangeiros que abarrotavam o salão de festas do Palácio do Eliseu, nem uma só explicação convincente sobre o escândalo que afetou a sua vida privada. Diante das quatro ou cinco perguntas relacionadas ao caso, afirmou que ele e sua mulher vivem “momentos difíceis e dolorosos”, recordou ter o princípio de que assuntos privados são resolvidos em privado, acrescentou uma frase aludindo às circunstâncias – “Este não é o lugar nem o momento para falar disso” – e finalmente prometeu, de forma paradoxal, que dará as explicações pertinentes antes de viajar a Washington, no próximo 11 de fevereiro. Mais tarde, após uma longa rodada de perguntas sobre política e economia, o presidente disse que Trierweiler se encontra “em repouso” e afirmou que a segurança dele está “perfeitamente garantida” sempre que realiza deslocamentos públicos ou privados, sem entrar em detalhes sobre a origem duvidosa do apartamento onde se encontrava com Gayet. O presidente não escondeu que a publicação da reportagem sobre sua infidelidade lhe causou “indignação absoluta”, e comentou que só não processou a revista Closer porque goza de imunidade judicial como presidente, e por isso não estaria em igualdade de condições, por não poder ser processado por ninguém. Hollande se mostrou sereno em todo momento e tentou mostrar seu lado mais institucional, autoritário e firme, embora em alguns momentos tenha feito suas habituais brincadeiras. Mas a entrevista coletiva foi muito menos espontânea e improvisada do que pareceu. O chefe de comunicação do Eliseu, Christian Gravier, um homem próximo do ministro do Interior, Manuel Valls, indicava a cada momento a seus colaboradores a quem entregar o microfone, e deu absoluta prioridade aos jornalistas franceses, relegando os mais de 150 correspondentes estrangeiros à última meia hora, a xepa da entrevista. Perguntado por um jornalista norte-americano a respeito do alcance político do Closergate e sobre se um presidente teria direito a uma vida realmente privada, Hollande afirmou: “Na França temos princípios firmes sobre o respeito à vida privada e sobre a liberdade de imprensa. São nossos valores”. A notícia mais relevante do dia, em todo caso, foi o relatório da Liga para os Direitos Humanos a respeito da situação dos ciganos na França. Durante 2013, o Governo socialista expulsou quase 20.000 roma europeus de seus acampamentos precários, ou seja, o dobro do volume de 2012. Hollande defendeu a política de Manuel Valls, sem citar desta vez a palavra “humanidade”, e assegurou que todas essas expulsões não lhe envergonham, “porque são feitas em nome do direito”. Na verdade, tanto a promessa eleitoral de Hollande como a circular emitida pelo ministro do Interior em meados de 2012 obrigava o próprio Governo a conceder alojamentos alternativos aos expulsos, coisa que Paris não faz. Hollande assumiu para si também aquilo que definiu como a última “vitória” do ministro mais popular do Gabinete, a proibição administrativa dos espetáculos do cômico Dieudonné: “O racismo, o antissemitismo e a xenofobia serão perseguidos com intransigência”, disse. “A lei será aplicada sem debilidade. Mas a liberdade de reunião, expressão e criação não pode ser reduzida, salvo em circunstâncias excepcionais, atendendo à dignidade humana e à ordem pública.” Sobre a Europa, Hollande falou principalmente a respeito da Alemanha, antecipando que em fevereiro deve ocorrer na França uma reunião conjunta dos gabinetes completos dos dois países. Anunciou passos para a convergência econômica, a harmonização das regras fiscais e um impulso comum da Europa da Defesa. Uma pergunta direta deu margem para a fuga M. M. A tensão podia ser cortada com uma faca quando o Governo completo (38 ministros, sendo 19 homens e 19 mulheres) entrou ontem no salão de festas do Palácio do Eliseu e se sentou à direita da tribuna onde o presidente François Hollande falaria, às quatro e meia da tarde (uma e meia em Brasília). Não cabia um só alfinete no espaço rococó, e a dúvida consistia em saber quem – e quando, e como – se atreveria a abrir o fogo e a perguntar ao chefe do Estado a respeito do escândalo Gayet. Por protocolo, o Eliseu concedeu a primeira pergunta ao presidente da Associação de Imprensa Presidencial, atualmente o jornalista Alain Barluet, do Le Figaro. Depois de um preâmbulo cortês e obrigatório, porque a entrevista coletiva coincidia com a felicitação de Ano Novo de Hollande à imprensa (os célebres voeux de cada mês de janeiro), o repórter soltou a batata quente: “A publicação de um artigo que lhe diz respeito em uma revista, a Closer para não citá-la nominalmente [uma forma de ironia], gerou emoção, perguntas e curiosidade, é inevitável. Há uma necessidade de esclarecimento perante os franceses e perante aqueles que nos olham do estrangeiro. O senhor em breve será recebido em Washington. Pergunto-lhe sem rodeios: Valérie Trierweiler continua sendo a primeira-dama da França?”. Hollande se recusou a responder à pergunta, que tinha todo jeito de ter sido combinada com antecedência, mas aproveitou a menção à sua viagem oficial aos Estados Unidos para prometer que dará as explicações necessárias antes de embarcar para Washington em 11 de fevereiro. A hábil manobra concede a Hollande 27 dias para organizar sua agitada vida sentimental e preparar uma resposta adequada. O mais curioso foi que a pergunta não deixou o bom Barluet muito satisfeito, já que apenas uma hora depois ele usou sua conta do Twitter para pedir perdão a Albert Londres, o falecido repórter francês que dá nome aos prêmios de jornalismo mais importantes do mundo francófono. O líder dos jornalistas franceses fez a pergunta correta ao presidente dos franceses. Mas não esclareceu se esta lhe pareceu muito direta, muito combinada ou muito próxima da imprensa sensacionalista. Uma pergunta direta deu-lhe motivo a escabullirse M. M. A tensão cortava-se com uma faca quando o Governo em pleno (38 ministros, 19 homens e 19 mulheres) entrou ontem no salão de festejos do Elíseo e se sentou à direita do atril desde o que ia falar o presidente, François Hollande, às quatro e meia da tarde. Não cabia um alfiler no espaço rococó, e a dúvida consistia em saber quem —e quando e como— se atreveria a abrir o fogo e a perguntar ao chefe do Estado pelo escândalo Gayet. Por protocolo, o Elíseo concedeu a primeira questão ao presidente da Associação da Imprensa Presidencial, à sazón o jornalista de Lhe Figaro Alain Barluet. Depois de um preâmbulo cortês e obrigado porque a coletiva de imprensa coincidia com a felicitación do Ano Novo de Hollande à imprensa (os célebres voeux da cada mês de janeiro), o repórter soltou a batata quente: “A publicação de um artigo que lhe concierne em uma revista, Closer para não a nomear (modo ironia), gerou emoção, perguntas e curiosidade, é inevitável. Há uma necessidade de clarificación ante os franceses e ante aqueles que nos olham desde o estrangeiro. Você vai ser recebido em Washington proximamente. Pergunto-lho sem rodeos: “Continua sendo Valérie Trierweiler a primeira dama da França?”. Hollande recusou responder à pergunta, que tinha toda a pinta de ter sido pactua/pactuada antecipadamente, mas aproveitou a menção a sua viagem oficial a Estados Unidos para prometer que dará as explicações necessárias antes de ir a Washington o 11 de fevereiro. A hábil manobra concede a Hollande 27 dias para organizar sua agita/agitada vida sentimental e preparar uma resposta adequada. O mais curioso foi que a pergunta não deixou muito satisfeito ao bom de Barluet, que mal uma hora depois empregou sua conta de Twitter para pedir perdão a Albert Londres, o difunto repórter francês que dá nome aos prêmios de jornalismo mais prestigiosos da francofonía. O presidente dos jornalistas fez a pergunta justa ao presidente dos franceses. Mas não esclareceu se lhe pareceu demasiado direta, demasiado pactua/pactuada ou demasiado próxima à imprensa canalla.

O Banco Mundial prevê uma aceleração da economia mundial


O Banco Mundial está mais confiante ao fazer suas previsões, tanto para os países em desenvolvimento quanto para as economias mais poderosas do planeta. Sua estimativa agora é de que o crescimento global se recupere para 3,2% neste ano, 0,8 ponto percentual mais robusto do que em 2013, e se estabilize em 3,4% nos anos de 2015 e 2016. É um ritmo muito similar ao do crescimento da América Latina. O organismo acredita assim que os cinco anos de crise finalmente estão ficando para trás. Mas, embora veja que as economias em desenvolvimento se beneficiarão de uma aceleração do crescimento nos países com as rendas mais altas, graças ao aumento das importações, o Banco Mundial também vê pontos de vulnerabilidade. Refere-se ao efeito da alta de juros e à volatilidade nos fluxos de capital depois que o Federal Reserve iniciou a transição para a normalidade monetária. De fato, o Banco Mundial indica que grande parte da recuperação se deve à superação da recessão pelas economias desenvolvidas. Para esse grupo, o crescimento para 2014 foi estimado em 2,2%, quase um ponto a mais do que em 2013. Nos dois anos seguintes fica em torno de 2,4%. Os EUA vão na frente, com um crescimento que rondará os 3%. Para a zona do euro, a expansão será de 1,1% para este ano e 1,5% para 2016. No caso dos países em desenvolvimento, o crescimento será menor do que o esperado. Agora se projeta que suba dos 4,8% de 2013 para 5,3% em 2014, para então crescer dois décimos a mais em 2015 e chegar a 5,7% em 2016. Esse desempenho é dois pontos percentuais inferior ao registrado antes da crise. Apesar disso, os técnicos do Banco Mundial dizem que “não há motivos para se preocupar”. Primeiro, observam que o potencial de crescimento das economias emergentes quase não foi afetado. Segundo, recordam que esse ritmo continua sendo 60% mais robusto do que nas duas décadas anteriores. No entanto, como acrescenta Kaushik Basu, economista-chefe do Banco Mundial, “não é preciso ser particularmente inteligente para perceber os perigos que espreitam sob a superfície”. Refere-se, por um lado, à moderação no preço das matérias-primas. Por outro, às “perturbações” causadas por uma política monetária mais restritiva. “Se os juros subirem muito rapidamente, o fluxo de capital para os países em desenvolvimento poderia cair 50% e provocar uma crise nas economias mais vulneráveis”, adverte o organismo. São dois riscos que, segundo o Banco Mundial, podem afetar a América Latina. O ano passado já foi complicado para muitos países da região. Sua projeção agora é de um crescimento de 2,9% neste ano, frente aos 2,5% de 2013, e de 3,1% em 2015, antes de se acelerar para 3,7% em 2016. Ou seja, é um desempenho inferior em dois pontos ao do conjunto dos países em desenvolvimento, embora próximo da média global. Os economistas afirmam que essas taxas de crescimento em médio prazo se ajustam ao potencial da região, embora sejam também inferiores aos anos anteriores à crise. O principal motor da recuperação na América Latina será o México, país para o qual se estima que o crescimento saltará de 1,4% em 2013 para 4,2% no final do período estimado. No caso desse país, o desempenho da economia dependerá da recuperação nos EUA . O aumento das exportações e do consumo interno deve impulsionar o crescimento do Brasil de 2,2% o ano passado para 3,7% em 2016. A Argentina, por sua vez, seguirá a tendência oposta. Depois de crescer 5% em 2013, seu ritmo de expansão deverá cair pela metade até 2016. A Colômbia e o Equador estão vulneráveis a um barateamento das exportações. O Fundo Monetário Internacional deve apresentar dentro de uma semana sua atualização geral das projeções de crescimento para a economia mundial. Christine Lagarde, sua diretora-gerente, já disse dias atrás que haverá uma revisão para cima. Na projeção mais recente, no semestre passado, o FMI anteviu uma expansão de 3,6% para este ano. Jim Yong Kim, presidente do Banco Mundial, observa que a recuperação do crescimento é apenas um fator a mais para acelerar a redução da pobreza. Além disso, afirma, para cumprirem suas promessas as nações em desenvolvimento “precisam adotar reformas estruturais para incentivar a criação de emprego, reforçar seus sistemas financeiros e melhorar a estrutura de amparo social dos cidadãos”.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Al Qaeda da Síria executa dezenas de islamitas rivais

AMÃ, 13 Jan (Reuters) - O Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), ligado à Al Qaeda, executou dezenas de rivais islamitas durante os últimos dois dias, conforme recuperava o controle sobre a maior parte do território que havia perdido na província de Raqqa, no norte da Síria, disseram ativistas no domingo. Um dos ativistas, falando a partir da província na condição de anonimato, disse que até 100 combatentes da Frente Nusra, outra afiliada da Al Qaeda, e da brigada Ahrar al-Sham, capturados pelo EIIL na cidade de Tel Abiad, na fronteira com a Turquia, foram mortos a tiros. Não houve confirmação independente sobre o relato.

Thyssen pode retomar venda de siderúrgica no Brasil em alguns anos--mídia

FRANKFURT, 12 Jan (Reuters) - A maior produtora de aço da Alemanha, a ThyssenKrupp, quer eventualmente retomar os esforços para vender a sua usina siderúrgica brasileira, depois de não conseguir encontrar um comprador para o ativo em 2013, segundo uma rádio alemã. No final de novembro, a ThyssenKrupp vendeu sua unidade nos EUA para dois rivais em um acordo esperado há muito tempo para ajudar a livrá-la de um plano expansão malfadado, mas não conseguiu arranjar um comprador para a unidade brasileira, a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA). A mineradora Vale é sócia na CSA com 27 por cento de participação, e a Thyssen possui o capital restante, majoritário. "Tem que ser dito muito claramente que a médio e longo prazo, a ThyssenKrupp não quer a usina do Brasil", disse o diretor presidente Heinrich Hiesinger à Deutschlandfunk, acrescentando que não queria determinar uma data em que a venda poderia ser relançada. "A venda da usina nos EUA e um aumento de capital anunciados simultaneamente estão ajudando a ThyssenKrupp a reduzir sua pilha de dívidas para pouco mais de três bilhões de euros (4,1 bilhões de dólares)", disse Hiesinger, de acordo com a entrevista à rádio que foi ao ar no domingo. "Se continuarmos mais um ou dois anos nesse caminho, diminuiremos ainda mais a nossa dívida, indo em direção a um caminho sem dívidas", ele disse. A semanal Der Spiegel citou Hiesinger como tendo dito: "Temos que dobrar nossos lucros antes de juros e impostos". A revista não especificou a qual período Hiesinger estava se referindo. Na reunião anual da ThyssenKrupp na sexta-feira, Hiesinger vai enfrentar perguntas difíceis dos acionistas sobre o progresso que a empresa tem feito em sua transformação de um grupo siderúrgico de 200 anos em um moderno conglomerado de engenharia de alta-tecnologia.

Israel presta homenagem a Sharon em funeral de Estado

Por Crispian Balmer e Matt Spetalnick JERUSALÉM, 13 Jan (Reuters) - Israel prestou homenagem ao ex-primeiro-ministro Ariel Sharon no primeiro de dois eventos do funeral desta segunda-feira para um homem exaltado no país como um herói de guerra, mas visto por muitos no mundo árabe como um criminoso de guerra. O vice-presidente dos EUA, Joe Biden, compareceu à cerimônia realizada diante do Parlamento israelense, na qual o caixão de Sharon estava envolto numa bandeira de Israel e iluminado pela luz do sol do inverno. "Estamos acompanhando ao lugar de descanso final, hoje, um soldado, um soldado excepcional, um comandante que sabia como vencer", disse o presidente israelense, Shimon Peres. Sharon morreu aos 85 anos, no sábado, após passar os últimos oito anos em coma provocado por um forte derrame. A morte do ex-premiê reabriu um debate sobre seu legado. Adversário o acusam de conduta implacável em operações militares, enquanto aliados o exaltam como um gênio da estratégia que surpreendeu o mundo em 2005 ao retirar militares e colonos israelenses da Faixa de Gaza --um território palestino ao sul e Israel. "A segurança de seu povo sempre foi a firme missão de Arik --um compromisso inquebrável com o futuro dos judeus, seja a 30 ou a 300 anos de agora", disse Biden, chamando Sharon pelo apelido. Depois da cerimônia no Parlamento, o corpo de Sharon será levado de carro de Jerusalém para a fazenda da família dele, a cerca de 10 quilômetros de Gaza, onde o ex-premiê será enterrado ainda nesta segunda. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, lembrando que nem sempre concordava com Sharon em questões políticas --especialmente sobre a retirada de Gaza-- saudou o compromisso do ex-líder com a segurança de Israel. "Arik entendia que em matéria da nossa existência e segurança, precisamos permanecer firmes. Estamos comprometidos com esses princípios", disse Netanyahu.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Inflação de dezembro tem a maior alta para um mês em dez anos


Foi uma surpresa para os economistas. Mas não para o Governo. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), e que calcula a inflação no país, registrou uma alta de 0,92% em dezembro a maior alta para um mês desde abril de 2003. No ano de 2013, a inflação ficou em 5,91%, acima dos 5,84% projetados pelo Governo, índice igual ao registrado em 2012. "Esse resultado é uma surpresa", diz o economista e diretor do MBA Executivo da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), Tharcisio Souza Santos. "Esperava-se um número mais baixo, especialmente para o acumulado de 2013", diz. Os dois setores com maior impacto nesse índice foram o dos transportes - que representa 40% do aumento do IPCA - e dos alimentos, representando um quarto de toda a alta de preços. No caso dos transportes, um dos fatores de maior relevância para essa alta foi o aumento da gasolina, em novembro do ano passado, deixando o transporte público também mais caro. Outra conta que ficou mais pesada para o consumidor nessa área foram as passagens aéreas, que chegaram a subir até 31% em Salvador. Segundo Santos, esse aumento da gasolina deveria ter sido feito antes. "O aumento foi pouco e o fizeram muito tarde. Se tivessem feito antes, talvez essa alta se diluísse ao longo do ano, impactando menos no acumulado de 2013". Para ele, outro aumento deve acontecer. E logo. "Prepare-se que vem um outro aí, antes do final do trimestre", prevê. Já de acordo com o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, o transporte não é o maior vilão dessa história, e sim, a alimentação. "É bem verdade que a alimentação tem um peso relevante na formação do IPCA, mas, mesmo assim, choques adversos e pressões continuadas fizeram os preços avançarem em novembro e dezembro". A meteorologia representa um fator crucial na hora de calcular o preço dos alimentos. A quantidade de chuva reflete no tamanho da produção, regulando, por sua vez, os preços. "É bem verdade que muito pouco pode se fazer em relação à alta dos alimentos, a não ser criar estoques reguladores adequados", diz Perfeito, que explica que, por outro lado, essa persistência nas altas no setor respondem também a outra questão: "Alimentos são sensíveis à variação da renda do trabalhador. Enquanto a renda continuar avançando em termos reais, a inflação deste grupo pode continuar crescendo também". Segundo Perfeito, para que os preços parem de subir dessa maneira, seria necessário que o Governo intervisse nos salários. "A persistência deste incômodo em alimentos nos faz pensar se não seria o caso de tentar de fato apertar ainda mais a renda do trabalhador". Em tempo: Entra em vigor neste mês de janeiro o reajuste do salário mínimo de 678 reais para 724 reais, o que deve colaborar para a continuidade no consumo. Se, por um lado, o clima não ajuda na baixa dos preços dos alimentos - janeiro é um mês de muita chuva no Brasil - o calendário também não favorece às mudanças. "Acreditamos que a presidente Dilma pode ainda reverter este pessimismo, mas estando em ano eleitoral isto exigirá da presidenta muita habilidade de negociação", pondera Perfeito. "Esse IPCA confirma a minha preocupação de que o primeiro trimestre seja muito ruim. Esperamos que o Governo tome atitudes mais duras. Embora eu saiba que ele não vai tomar", emenda Souza. No acumulado do ano, as altas em cada um dos setores calculados pelo IBGE foram as seguintes: Alimentação e bebidas: 8,48%; Habitação: 3,40%; Artigos de residência: 7,12%; Vestuário: 5,38%; Transporte: 3,29%; Saúde e cuidados pessoais: 6,95%; Despesas pessoais: 8,39%; Educação: 7,94%; Comunicação: 1,50%. Já no mês de novembro, a alta do segmento de Transportes foi de 1,85%, enquanto o segundo setor de maior alta, o de Alimentação e bebidas, foi de 0,89%. Governo Embora as ponderações dos economistas não sejam das mais otimistas, o Governo se pronunciou na manhã desta sexta-feira demonstrando pouca surpresa com o IPCA. De acordo com o ministro interino da Fazenda Dyogo Henrique - o ministro Guido Mantega está de férias - disse hoje que o índicenão surpreende o governo, embora alta tem ficado acima dos 5,8% previstos. “Já esperávamos que dezembro tivesse um índice um pouco mais alto por conta do aumento do preço da gasolina e também é um período de férias, quando as passagens aéreas tiveram uma contribuição para que o índice viessem um pouco mais alto em dezembro”, disse Henrique.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Jovem paquistanês que evitou atentado em escola pode receber prêmio póstumo

Por Jibran Ahmad
PESHAWAR, Paquistão, 10 Jan (Reuters) - Um adolescente paquistanês que morreu ao impedir um homem-bomba de atacar sua escola foi indicado para receber postumamente a principal condecoração civil do país, disse um chefe regional de polícia nesta sexta-feira.
Aitezaz Hassan, de 17 anos, confrontou o homem-bomba que tentava entrar em uma escola pública na província de Khyber Pakhtunkhwa, no noroeste do Paquistão. Ele e o militante morreram, mas não houve outros feridos, segundo a polícia.
"Embora eu tenha perdido meu doce filho, não lamento o que ele fez. Ele fez um trabalho heroico, e estou orgulhoso da sua bravura", disse à Reuters o pai do adolescente, Mujahid Ali.
O militante levava explosivos sob um uniforme escolar, mas alunos do local perceberam e começaram a gritar para que parasse. Aitezaz, no entanto, foi o único a enfrentá-lo diretamente, e a bomba explodiu.

Um grupo militante sunita, chamado Lashkar-e-Jhangvi, assumiu a responsabilidade pelo atentado. A escola fica em Hagu, uma área de predomínio xiita.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Kennedy sugeriu intervir militarmente no Brasil para tirar Jango do poder

O ex-presidente dos EUA John F. Kennedy. / CORBIS
Exatamente 46 dias antes de ser assassinado com um tiro em Dallas, no Texas, o então presidente norte-americano John F. Kennedy discutiu na Casa Branca uma possível intervenção militar dos Estados Unidos no Brasil para depor o presidente João Goulart, conhecido como Jango. A informação é do jornalista e colunista dos jornais Folha de S. Paulo e O Globo, Elio Gaspari, que localizou um arquivo de áudio de uma reunião de dois dias ocorrida na Casa Branca – de 7 a 8 de outubro de 1963 - no qual Kennedy debate a situação do Brasil e do Vietnã e questiona o ex-embaixador norte-americano no Brasil Lincoln Gordon sobre a possibilidade da intervenção. “Você vê a situação indo para onde deveria? Acha aconselhável que façamos uma intervenção militar?”, questiona o Kennedy. De acordo com Marcos Vinícius de Freitas, professor de Relações Internacionais da Faculdade Armando Álvares Penteado (Faap), os Estados Unidos consideravam que a influência comunista crescia de maneira desproporcional na região e relata uma conversa que teve com Gordon, que, depois de deixar o serviço diplomático norte-americano, foi reitor da Jonhs Hopkins University. “Gordon confidenciou que os norte-americanos consideravam que, uma vez sob a esfera comunista, o processo de retorno ao capitalismo era irreversível”, diz Vinícius de Freitas. “As companhias dos Estados Unidos também haviam investido fortemente no Brasil após a segunda II Guerra Mundial e a proposta de Jango de taxação de 10% das remessas de multinacionais ao exterior afrontava esses interesses.” Segundo Luiz Antônio Dias, professor de História do Brasil da PUC-SP, os Estados Unidos estavam em compasso de espera, aguardando o desenlace dos acontecimentos no país. Ele lembra que o Governo de Kennedy, após não ter conseguido desestabilizar o regime cubano, não poderia permitir o surgimento de um novo polo irradiador comunista. Muito menos no maior país da América do Sul. “Na sequência, o que aconteceu foi que os acontecimentos internos atenderam aos interesses norte-americanos. Houve apenas apoio logístico e o envio de material bélico, como já se reconhece por uma farta documentação disponível, não uma intervenção militar direta, como no Chile”, diz ele. O encontro na Casa Branca debatia o contexto brasileiro vivido na época. João Goulart era o vice-presidente de Jânio Quadros que, em 25 de agosto de 1961, renunciou ao cargo. Como Jango estava em uma missão diplomática na China nessa data, os ministros militares tentaram impedir que ele tomasse posse como presidente, pois viam nele uma ameaça ao país por seus vínculos com o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e com o Partido Socialista Brasileiro (PSB). Liderado pelo governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizolla, deu-se início à Campanha da Legalidade, mobilizando o Estado em defesa de Jango. Com a condição de aprovar o regime do parlamentarismo pelo Congresso, Jango toma posse no dia 8 de setembro de 1961, tendo como primeiro-ministro Tancredo Neves. Os norte-americanos temiam que Jango aprofundasse a plataforma de um governo de esquerda e seguisse os passos do cubano Fidel Castro. A situação no Brasil era complicada. A economia estava fragilizada por uma série de fatores, entre eles, a inflação continuava alta. Os militares faziam uma oposição cada vez mais forte ao Governo Jango, culminando, entre a noite do dia 31 de março de 1964 e primeiro de abril, no golpe militar, que levou Jango a se exilar no Uruguai e ter seus direitos cassados por 10 anos. Pouco tempo depois, Jango fugiu para a Argentina, onde morreu, segundo a história oficial, vítima de um ataque cardíaco, em 6 de dezembro de 1976. Há suspeitas, porém, que Jango tenha sido envenenado, numa ação da Operação Condor. Por isso, em novembro do ano passado, o corpo do ex-presidente foi exumado, por orientação da Comissão Nacional da Verdade, para investigar o motivo de sua morte. Em dezembro do ano passado, os restos mortais de Jango foram enterrados pela segunda vez, agora em sua cidade natal, São Borja, no Rio Grande do Sul, com honras de chefe de Estado. O professor Luiz Antônio Dias lembra que, embora ainda não tenha sido encontrada nenhuma evidência material irrefutável, a historiografia nacional reconhece que havia planos de assassinar Jango e que sua morte pode ter sido obra da junta militar brasileira. Um dos testemunhas nesse sentido é do ex-agente do serviço secreto uruguaio Mario Neira Barreto (veja um trecho extraído do documentário Dossiê Jango). Gravações clandestinas As gravações dos encontros de outubro de 63 foram postadas na internet pela Biblioteca Kennedy há pelo menos um ano e fazem parte de um conjunto de gravações clandestinas feitas pelo próprio Kennedy de suas reuniões desde 1962, quando deu início à série ao gravar justamente o encontro com Gordon. Após o embaixador falar sobre eventuais parcerias culturais entre os dois países, Kennedy o interrompe com a pergunta: “Temos alguma decisão imediata para pressioná-lo?”, referindo-se a João Goulart. “O que devemos fazer imediatamente no campo político, nada?”. Gordon, então, revelou dois planos: “Ou Goulart abandona a imagem [de esquerdista] e resolve pacificamente. Ou talvez não tão pacífico, sendo tirado involuntariamente.” Enquanto isso, para Jango, não havia motivos para desconfiar de Kennedy. No início de 1963, o Brasil acertava com os EUA um empréstimo de cerca de 400 milhões de dólares — dos quais o governo brasileiro só receberia um quinto do valor. Além disso, como prova da boa relação entre ambos os governos, Jango e sua mulher, Maria Thereza, haviam sido recebidos por John e Jacqueline Kennedy na Casa Branca. No golpe militar de 1964, a intervenção militar norte-americana acabou sendo desnecessária. A perda de apoio do governo Jango, sua indecisão e a traição de alguns homens de sua confiança, além do fortalecimento da ala militar, contribuíram para a sua deposição. A informação revelada por Gaspari constará da versão ampliada do livro A Ditadura Envergonhada, uma publicação sobre o regime ditatorial vivido no Brasil entre 1964 e 1985, que será relançada em fevereiro no Brasil.
Fonte: elpais

A burocracia afoga a sociedade civil brasileira


Demonstrar que uma pessoa é ela mesma, preencher infinitos formulários, apresentar inúmeros documentos, fazer fila em todas as janelinhas dos órgãos públicos... é uma experiência comum dos cidadãos frente ao Brasil oficial. Herança colonial ou não, a burocracia, tantas vezes baseada na desconfiança do poder sobre a sociedade, demora, encarece e frustra projetos, empresas e inclusive destinos, com aquele trâmite a mais, que muitas vezes é tão absurdo quanto desnecessário. Nos últimos anos, as novas tecnologias vieram para aliviar a situação, mas o problema ainda persiste. "O cartório é a coisa mais burocrática que existe no mundo", afirma Rosana Chiavassa, advogada especialista em defesa do consumidor. Fomos colonizados por portugueses que trouxeram na bagagem a burocracia dos registros e princípios administrativos que legitimariam a doação de bens da Coroa aos primeiros beneficiários. O Brasil é um dos poucos países onde a própria assinatura do cidadão, até os dias de hoje, não vale por si só - ela sempre deve ser "reconhecida" em um cartório para ser válida em quase todos os trâmites cotidianos dos brasileiros e processos administrativos de empresas. A polêmica de longa data foi exposta no começo de dezembro de 2013 pela pesquisadora da Universidade de São Paulo Lygia da Veiga Pereira, profissional que é referência nas pesquisas com células tronco no país. Ela publicou em um blog seu desabafo sobre as dificuldades dos pesquisadores em receber material do exterior. No post ela lista a burocracia imposta pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para liberar amostras do material para pesquisa - que vieram congeladas desde o centro de investigação norte-americano Harvard Stem Cell Institute, para uma pesquisa sobre células tronco. As amostras chegaram em 24 horas ao Brasil, com cinco quilos de gelo seco, o suficiente para mantê-las congeladas por dois dias. Nove dias depois, as células ainda não haviam sido liberadas e se encontravam detidas no Aeroporto de Viracopos, em Campinas, interior de São Paulo. Como disse Pereira em seu texto, "as preciosas células-tronco podem já ter virado mingau". Entre os documentos solicitados pela Anvisa, havia um termo de responsabilidade que deveria conter as assinaturas - neste caso, dela e do diretor do centro de pesquisa - reconhecidas em cartório. Conseguiram reunir toda a documentação em tempo e apresentá-la, mas o material não foi liberado. Dia 14 de dezembro a Anvisa lhe avisou que o material estava sendo enviado para a Alfândega, órgão responsável a partir deste ponto. "E não é a primeira vez que acontece", afirma a professora, "eu perco credibilidade quando estrago o material, é um desperdício", lamenta, pela demora no processo. No entanto, esta história teve um final feliz e em 27 de dezembro a pesquisadora pôde aproveitar as células para suas pesquisas, pois sobreviveram aos 13 dias de burocracia. Em nota, a Associação dos Notários e Registradores do Brasil, a Anoreg alega que "a falta de exigência do reconhecimento de firma, por exemplo, abre brechas para golpes, como utilização de documentos falsificados na abertura de empresas”. A burocracia se justifica pela possibilidade do outro ser corrupto ou estelionatário, mas quase nunca se explica que ocorre pela falta de segurança dos próprios organismos públicos, que não têm outros mecanismos, além destes, arcaicos, para evitar as fraudes. O cidadão demora para alugar um apartamento, para abrir uma empresa, para se casar... porque ele tem que superar muitas barreiras para conseguir determinada certidão ou documento legalizado, ou seja, passos prévios a qualquer outra gestão que ele faça, ainda que o tempo gasto com a burocracia varie a cada cidade, dependendo das facilidades criadas pelas prefeituras e governos. Por último, poderíamos considerar que tudo isso ocorre pela falta de credibilidade do próprio cidadão. "Os princípios da veracidade e da boa fé inexistem nos órgãos públicos", defende Chiavassa. A desconfiança gera mais mecanismos de controle, que prejudicam o cidadão de bem. O excesso de exigências de documentos no Brasil é histórico, a ponto de o país ter tido um ministério da Desburocratização, entre 1979 e 1986, que deram origem, por exemplo, aos juizados de Pequenas Causas, que garantem soluções mais rápidas para conflitos jurídicos de pequena monta. De lá para cá, a tecnologia também se tornou um aliado do Estado e do cidadão brasileiro para reduzir as exigências de documentação. Em 1997, por exemplo, as declarações de imposto de renda feitas anualmente já podiam ser realizadas pela internet. A Polícia Federal, em muitos estados, permite ao cidadão agendar a retirada de passaporte com um formulário online. E nos estados de São Paulo e Minas Gerais existem órgãos públicos dedicados a centralizar os serviços básicos de cidadania, trânsito e setores da prefeitura para os cidadãos, que são o Poupatempo e o Minas Fácil, respectivamente, que também permitem algumas consultas e agendamentos via web. Ainda assim, demonstrar reincidentemente que uma pessoa é ela mesma e de apresentar os mesmos documentos em diferentes instâncias - RG, CPF, comprovante de residência, registro de imóvel, entre outros - torna qualquer processo cansativo e contraproducente. Para Vinicios Leoncio, advogado tributarista, repetir informação e documentos hoje em dia “é incompreensível”. A Receita Federal eliminou a exigência de documentos com firma reconhecida em 26 de dezembro do ano passado. Questionado sobre a medida, Leoncio opina que é “muito tímida”. E ataca: “Uma empresa tem que preencher 2.200 campos no formulário de declaração do imposto de renda, sendo que a maioria deles estão repetidos”, diz o autor do livro que reúne 5.565 legislações diferentes para a cobrança de um tributo municipal, o Imposto sobre Serviços (ISS) no Brasil, símbolo da ineficiência e da falta de diálogo entre o coletivo de leis. "São 5.600 legislações para tratar do mesmo assunto: impostos!", se indigna. O otimismo, no entanto, não ofusca seu ponto de vista: “Desburocratizar é um processo doloroso porque trata de mudar hábitos, mas é algo necessário, ainda que seja feito vagarosamente”.
Fonte: el pais

domingo, 5 de janeiro de 2014

Encruzilhada: Alcides anuncia novo secretariado no domingo


A exoneração de oito secretários e todos os diretores e vice-diretores da rede municipal de ensino, em Encruzilhada, pegou muita gente de surpresa nesta sexta-feira (3). Sobre o assunto o Blog do Anderson conversou com o prefeito Alcides Ferraz (PT), que atribui uma reavaliação do seu governo como motivo adotado. Segundo Alcides, a “exoneração total para poder chamar a todos e relembrá-los que nós temos uma forma de governar e que queremos continuar governando e melhorando o governo, e para melhorar o governo não depende apenas do prefeito, depende dos seus companheiros, todos que participam da administração, dependem de todos para melhorar o governo que a comunidade tenha uma melhor qualidade de vida, que a alto estima do munícipe continue levantando o governo que é a alto estima do povo de Encruzilhada que está melhorando a cada dia”. Apesar de não ter nenhum secretário em atividade, o petista afirma que os órgãos continuam em pleno funcionamento, pois os outros cargos administrativos estão em atividades. “Domingo à noite eu já terei decidido. Eu não posso falar hoje porque ainda tenho dois dias para pensar com calma, com tranquilidade de como vou fazer a mudança. Já tenho toda base, toda estrutura, mas espero terminar de concluir no domingo à noite para segunda-feira iniciar essa pequena mudança, não é uma mudança drástica, a exoneração foi total apenas para facilitar, mas uns retornarão, a grade parte, e outros não retornarão que é normal em qualquer administração”, afirmou o gestor.
Fonte: Blog do Anderson

O Panamá rejeita a ameaça da construtora de suspender obras do Canal


A crise pelos atrasos na ampliação do Canal do Panamá se agravou no primeiro dia de janeiro. A Autoridade do Canal do Panamá (ACP) rejeitou na quarta-feira uma advertência do consórcio multinacional Grupo Unidos pelo Canal (GUPC), uma empresa liderada pela espanhola Sacyr Vallermoso e que executa as obras de maior magnitude na ampliação da rota interoceânica, de que suspenderá as obras devido ao aumento em mais de 1,4 bilhão de dólares nos custos da construção de um novo conjunto de eclusas. Em uma declaração entregue ao El PAÍS, a ACP garantiu que “rejeita de maneia categórica as pressões” do GUPC “contra a Administração do Canal, com o único propósito de forçar a organização a negociar fora dos termos estabelecidos no contrato de construção” das novas eclusas. “Não importa que tipo de pressão seja feita contra a ACP, nós mantemos nossa exigência de que o Grupo Unidos pelo Canal respeite o contrato que eles mesmos aceitaram e assinaram”, afirmou o panamenho Jorge Quijano, administrador do canal. Em comunicado publicado nesta quarta-feira na capital panamenha, o consórcio garantiu que os trabalhos continuarão com “normalidade”, enquanto a ACP responde à nota de aviso prévio de suspensão, o que poderá ser feito em até 21 dias, “sob a exigência de que sejam proporcionados fundos adicionais às partes” do acordo. “Segundo o contrato, a intenção da suspensão não implica o término ou abandono do projeto”, esclareceu a ACP. Mas o grupo tinha destacado que a ACP “está consciente das repetidas tentativas por parte do contratado de se reunir com as autoridades para discutir uma solução justa e adequada sob a lei panamenha para os grandes problemas financeiros que estão afetando o projeto”. A Autoridade “falhou no cumprimento de suas obrigações nos termos do contrato, como a imprecisão das informações fornecidas ao consórcio para executar o projeto”, acrescentou. A entrega do aviso prévio está em conformidade com os termos da lei panamenha, detalhou. O Grupo, integrado por Sacyr Vallehermoso S.A./Líder, da Espanha, Jan de Nul n.v., da Bélgica, Constructora Urbana S.A., do Panamá, e Impregilo S.p.A., da Itália, ganhou a licitação de 3,118 bilhões de dólares em 2009 para construir o terceiro conjunto de eclusas – que é a parte mais importante da expansão, cujo custo total é de 5,250 bilhões de dólares – e começou as obras em agosto daquele ano. A expansão do canal começou em 2007 com o objetivo de conclusão em outubro de 2014, mas desde agosto de 2012 foi relatado que a meta da GUPC não seria alcançada e que os trabalhos terminariam em junho de 2015. “A ACP também está confiante de que o contratado tenha a capacidade de cumprir os compromissos acordados. Caso contrário, a ACP irá acionar os mecanismos do contrato que a permitem completar a obra. O Programa de Expansão do Canal registrou um avanço total de 72%, enquanto a construção das novas eclusas está 65% completa. O GUCP indicou com antecedência que em vez de completar a construção das novas eclusas em outubro de 2014, como estava previsto no contrato, as mesmas serão concluídas em junho de 2015”, disse a Autoridade. A ACP confirmou que o Grupo lhe apresentou em 24 de dezembro um pedido de 850 milhões de dólares para despesas extraordinárias devido a uma combinação de fatores no desenvolvimento das obras. Em 2012, a empresa entrou com um pedido de 585 milhões de dólares, elevando o montante solicitado para 1,435 bilhão de dólares. O impasse poderá ser solucionado por meio de arbitragem internacional. Entre outras causas, o GUPC atribuiu os atrasos ao fato de a ACP ter rejeitado o tipo de mistura de cimento que seria usado na moldagem das novas eclusas para garantir a vida útil de 100 anos estabelecidos no contrato, por isso houve um atraso acumulado de seis meses. Quijano disse na semana passada que a nova demanda “é uma combinação de fatores que, segundo o consórcio, impacta o custo e o tempo de execução da obra e vai levar tempo para resolver”. O Canal, por onde passam 5% do transporte marítimo mundial e é estratégico no comércio global, lançou o projeto de ampliação para permitir o trânsito de embarcações de maior tamanho e profundidade, com o novo conjunto de eclusas nas costas do Pacífico e do Atlântico. Construído de 1904 a 1914 pelos Estados Unidos, a rota passou à plena soberania do Panamá ao meio-dia de 31 de dezembro de 1999 e dispõe de outras eclusas desde que foi inaugurado há quase um século: Pedro Miguel e Miraflores, no Pacífico, e Gatun, no Atlântico.

Nadal começa melhor que nunca


Um set perdido no abismo do tie-break. Treze aces do seu rival. Quatro break points concentrados em um único game da terceira série, quando tudo era decidido de terremoto em terremoto. Rafael Nadal precisou superar tudo isso em Doha para fechar a final contra Gael Monfils em 6-1, 6-7 e 6-2, conquistando assim seu 61º. título, o primeiro num mês de janeiro. O número 1 do mundo, que agora atacará o Aberto da Austrália (a partir de 13 de janeiro), nunca tinha começado tão bem uma temporada. Não só somou um troféu em quadra dura, no torneio que abriu o ano, como o fez superando múltiplas dificuldades, como demonstra o fato de ter jogado três sets em três das cinco partidas que disputou em Doha. Ainda com margem para uma melhora na mobilidade e na coordenação, a quilometragem que o espanhol procurava para preparar sua ida a Melbourne ficou assegurada com uma final que começou como exibição, mas terminou como um combate encarniçado. “Sobrevivi”, resumiu o campeão, a propósito de um torneio onde não cruzou com nenhum tenista top-20. O próprio Nadal foi o responsável por transformar o doce passeio do início em um caminho cheio de espinhos. O espanhol, irregular durante a semana, foi mal no seu primeiro game de serviço do segundo set. De erro em erro, entregou a quebra e permitiu que a dinâmica do encontro se alterasse. O Monfils apático e apagado do primeiro set se tornou hiperativo, autoconfiante e agressivo. “Allez!”, gritava o francês a cada ponto. “Vamos!”, comemorava, enquanto acumulava sucessivas trocas de bola, fazendo Nadal correr de um lado para o outro. O número 1 ficou mudo, e não precisamente porque estivesse impressionado. Faz muitos anos que desapareceu aquele garoto que enchia as partidas de punhos apertados, bíceps contraídos e gritos comemorativos. Nadal é hoje um competidor com um grande senso de autocontrole. O espanhol sabe que as emoções pesam nas partidas, e que também conta a confiança que transmite a seus rivais, ao mandar a mensagem de que não duvida, não teme e não treme. Diante da tempestade, não alterou o semblante. Viu como Monfils fechou um game em brevíssimos 47 segundos, de ace em ace. Imediatamente cedeu o segundo set no tie-break, depois de salvar três set points do francês. E só quando a partida entrou na terceira parcial, com Monfils disparando bombas e acreditando na vitória (já havia derrotado o espanhol em Doha em duas ocasiões), derreteu-se a máscara de gelo de Nadal e apareceram os gestos do guerreiro. O número 1 acumulou a quilometragem da qual necessitava para encarar o Aberto da Austrália O número 1 conquistou o troféu navegando entre redemoinhos, surpreendendo com o backhand na paralela e aproveitando a falta de perícia do número 31 para devolver seu saque aberto de canhoto. Primeiro desperdiçou dois break points. Depois conseguiu uma quebra à qual Monfils respondeu acumulando para si quatro break points, um deles muito discutido, porque o espanhol jogou a bola fora sem que os árbitros percebessem. Então chegou o momento de usar a cabeça, e com a cabeça Nadal se coroou, mostrando como joga de forma impressionante sobre cimento desde que voltou às quadras, em fevereiro de 2013, após sete meses de lesão: nessa superfície, soma desde então cinco títulos, duas finais e duas semifinais. “Estou muito feliz, nunca tive a oportunidade de ganhar aqui, e isso era algo que tinha em mente, especialmente desde a final de 2010 [perdeu contra Davydenko após ter o match point]. É muito emocionante começar assim a temporada”, despediu-se Nadal, que agora enfrentará em Melbourne a prova dos grandes: esperam-nos os cinco sets, o calor australiano, os tenistas do top-10… E Novak Djokovic.

Nelson Ned morre aos 66 anos em São Paulo


O cantor Nelson Ned, de 66 anos, morreu na manhã deste domingo (5) no Hospital Regional de Cotia, em São Paulo. Ele estava internado desde sábado com pneumonia. Segundo funcionários da Funerária Municipal de Cotia, o cantor morreu às 7h25 em decorrência de "choque septico, sepse, broncopneumonia e acidente vascular cerebral". Natural de Ubá, Minas Gerais, Nelson Ned fez fama como cantor de músicas românticas nos anos 60, quando já vivia no Rio de Janeiro. "Tudo passará", de 1969, foi um de seus grandes sucessos. Em 2003, o cantor sofreu um acidente vascular cerebral. Desde então, vivia no Recanto São Camilo, na Granja Viana, em Cotia, sob a guarda e cuidados de Neuma, uma de suas irmãs. O AVC afetou sua parte vocal, assim como memória. Ned foi casado duas vezes e teve três filhos com Marly, sua segunda esposa. Carreira Primogênito dos 7 filhos de Nelson de Moura Pinto e Ned d´Ávila Pinto, ele saiu de Ubá (MG) para tentar a vida no Rio de Janeiro aos 17 anos. Começou bem distante dos palcos, trabalhando em uma linha de montagem de uma fábrica de chocolates. Cantou em boates paulistas e cariocas antes da maioridade e era escondido embaixo do balcão das casas quando o Juizado de Menores passava para fiscalizar. Tempos depois, passou a ser figura recorrente no programa do Chacrinha, que ele considera o “pai de sua carreira artística”. Foi na televisão que conquistou espaço e sucesso com o hit "Tudo passará", uma de suas primeiras músicas.“Ele foi um divisor de águas na minha vida. Me deu oportunidade e comida. Devo muito ao falecido amigo. Foi muito difícil ser cantor de brega e anão neste país”, relembrou Ned em entrevista ao G1, em 2012. Com 32 discos gravados em português e espanhol, Ned cantou no Carnegie Hall e no Madison Square Garden, ambos em Nova York. Ele se converteu nos anos 90 à religião evangélica e, desde então, cantava músicas gospel. Em 1996, lançou a biografia "O pequeno gigante da canção", que fazia referência à sua altura, de 1,12m. O hit "Tudo passará” era sua faixa predileta, conforme contou ao G1. “É a que mais gosto. Quando cantei em um programa fui aplaudido de pé no meio da música. Isso é ser brega? Quem não é brega quando fala de amor? É o amor que é brega, não a minha música.”

Principais discos:
1960 - "Eu sonhei que tu estavas tão linda/Prelúdio à volta"
1969 - "Tudo passará"
1970 - "Nelson Ned'
1979 - "Meu jeito de amar"
1992 - "Penso em você"
1993 - "El romantico de América"
1997 - "Jesus está voltando"
1998 - "Seleção de ouro/20 sucessos"
1999 - "Os melhores tangos e boleros"
1999 - "Tudo passará/Meu jeito de amar"


Fonte: G1